Luiz Armando Vaz / Agencia RBS O músico César Oliveira, da dupla com Rogério Melo, foi escolhido como patrono da Semana Farroupilha. O...
Luiz Armando Vaz / Agencia RBS
O
músico César Oliveira, da dupla com Rogério Melo, foi escolhido como
patrono da Semana Farroupilha. O tema desta edição do evento, que será
realizado por todo o Rio Grande do Sul entre agosto e setembro, será o
legado do tradicionalista Paixão Côrtes, morto em 2018, aos 91 anos. As
comemorações começam oficialmente em 16 de agosto, com o acendimento da
Chama Crioulo, em Tenente Portela.
Aos 49 anos, César Oliveira
foi anunciado pela Comissão Estadual dos Festejos Farroupilhas na
sexta-feira (10). A escolha chega em hora propícia: César Oliveira e
Rogério Melo comemoram 20 anos de dupla em 2019, com 11 discos e três
DVDs gravados. Sem o companheiro, Oliveira tem ainda sete discos solo.
O lançamento mais recente da dupla é Devoção, de 2016 – mas, ainda no
primeiro semestre deste ano, deve lançar Na Essência, disco que marcará
as duas décadas de carreira.
Nascido em Itaqui e com uma
carreira que abrange, além da música, a apresentação do reality show
Desafio Farroupilha, na RBS TV, César ainda atua no fomento e na
disseminação – principalmente para as novas gerações – da cultura
tradicionalista. Recentemente, ao lado de Rogério Melo, lançou um vlog
(espécie de diário em forma de vídeo) no canal da dupla no YouTube, no
qual apresenta a rotina artística e mesmo pessoal dos dois,
principalmente na estrada. Para César, os mais jovens são parte
essencial na manutenção do folclore gaúcho, algo que considera
imprescindível:
– Precisamos abraçar e trazer o jovem para o
movimento – diz o músico, que, na entrevista abaixo, fala sobre a
emoção de ser escolhido patrono da Semana Farroupilha.
Quando você recebeu a notícia de que havia sido escolhido patrono da Semana Farroupilha?
Estava na estrada, saindo de um show em Santa Maria, e recebi a ligação da Beatriz Araújo, secretária de Cultura do Estado, junto com o pessoal do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG). Me senti lisonjeado. Eu, que vivi minha vida inteira dentro do movimento, não só na música... Com 16 anos, eu já era ativo em entidades, principalmente na 18ª região. Fiquei surpreso, claro, porque conheci pessoas emblemáticas, que têm extremo merecimento. Antes de ser convidado, fui consultado, e nem achava que era o momento, não consigo me ver nisso, ainda que saiba que nosso trabalho é grandioso. Tem tantas pessoas que se doaram tanto. Mas, se me acham merecedor, eu aceito. Imaginava que chegaria no final da minha vida sem isso.
O movimento tradicionalista mudou muito neste tempo?
Eu e o Rogério Melo nos criamos nas invernadas. No nosso tempo, o movimento era outro. As coisas mudaram, mas aquele pensamento que tínhamos lá atrás, de voluntariado, de doação pessoal, permanece intacto. Sempre consideramos o movimento algo de suma importância. Tudo necessita de uma evolução, mas sem perder a essência. É um momento em que precisamos abraçar e trazer os jovens para o movimento. Sempre fomos referenciais na questão cultural, e hoje temos uma cultura de globalização gigantesca que se alimenta da cultura de raiz, e isso estabelece uma luta, que precisa ser travada de maneira saudável, com equilíbrio e bom senso: normas devem existir, diretrizes também, mas temos de ter o hábito do convencimento. O jovem precisa estar convencido e seguro em depositar sua confiança dentro de algo que é fundamental para ele. Ser nascido no Rio Grande do Sul é DNA, não tem como renegar.
Vocês são bastante atuantes nas redes sociais. Lançaram até um vlog recentemente. Como é a recepção do público a este tipo de trabalho?
O que fazemos musicalmente é folclore, e folclore é algo universal. Assim como as redes sociais. É muito fácil para nós sermos autênticos. De personagem o mundo já está cheio, e nós nunca fomos personagens. Tudo o que cantamos são histórias de pessoas que convivem conosco. Não por autopromoção, mas por valorização. Tem até um trocadilho, por conta desse despojamento: nos chamam de tradicionalistas universitários. Temos uma ligação com todos os estilos musicais, porque o respeito é mútuo. O Rogério é amigo do Neguinho da Beija-Flor, eu sou amigo dos caras da Krisiun. Isso é difícil, porque o gaúcho tem dois problemas, o bairrismo e o preconceito.
Qual é a importância do Rogério Melo em todo este tempo de carreira?
Dizem que ele é o coração e eu sou a cabeça. A cabeça já está meio careca, mas tudo bem (risos). Nós temos uma amizade de 36 anos, ele ia na nossa invernada com 10 anos, era chamado de guri. Foi meu aluno de violão. O que nos une é o respeito, não somos irmãos de sangue, mas o destino nos fez muito mais do que isso. É a pessoa mais autêntica que eu conheci na minha vida, um exemplo de bondade, cordialidade, que ama e defende, uma pessoa sem preconceitos, carismático. Para as comemorações de 20 anos, planejamos uma remodelagem na nossa identidade, e o Rogério foi fundamental, porque, às vezes, queremos acelerar demais, e ele sabe a velocidade certa das coisas.
Gostaria que você falasse sobre Paixão Côrtes, cujo legado é tema da Semana Farroupilha.
Eu tenho muitos ídolos, mas nada deste universo existiria sem o empenho de Paixão Côrtes. Ele é uma pessoa essencial. Mais do que isso, é o pai de todo esse movimento. O Paixão fez algo que ninguém faria e que é fundamental: ir pessoalmente nos lugares e conhecer. Aprendi muito isso vendo o Paixão: não é ouvir falar, é conhecer os lugares. O Paixão resgatou coisas que ninguém conhecia e deu vida ao gaúcho.
Fonte: portal GauchaZH
Estava na estrada, saindo de um show em Santa Maria, e recebi a ligação da Beatriz Araújo, secretária de Cultura do Estado, junto com o pessoal do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG). Me senti lisonjeado. Eu, que vivi minha vida inteira dentro do movimento, não só na música... Com 16 anos, eu já era ativo em entidades, principalmente na 18ª região. Fiquei surpreso, claro, porque conheci pessoas emblemáticas, que têm extremo merecimento. Antes de ser convidado, fui consultado, e nem achava que era o momento, não consigo me ver nisso, ainda que saiba que nosso trabalho é grandioso. Tem tantas pessoas que se doaram tanto. Mas, se me acham merecedor, eu aceito. Imaginava que chegaria no final da minha vida sem isso.
O movimento tradicionalista mudou muito neste tempo?
Eu e o Rogério Melo nos criamos nas invernadas. No nosso tempo, o movimento era outro. As coisas mudaram, mas aquele pensamento que tínhamos lá atrás, de voluntariado, de doação pessoal, permanece intacto. Sempre consideramos o movimento algo de suma importância. Tudo necessita de uma evolução, mas sem perder a essência. É um momento em que precisamos abraçar e trazer os jovens para o movimento. Sempre fomos referenciais na questão cultural, e hoje temos uma cultura de globalização gigantesca que se alimenta da cultura de raiz, e isso estabelece uma luta, que precisa ser travada de maneira saudável, com equilíbrio e bom senso: normas devem existir, diretrizes também, mas temos de ter o hábito do convencimento. O jovem precisa estar convencido e seguro em depositar sua confiança dentro de algo que é fundamental para ele. Ser nascido no Rio Grande do Sul é DNA, não tem como renegar.
Vocês são bastante atuantes nas redes sociais. Lançaram até um vlog recentemente. Como é a recepção do público a este tipo de trabalho?
O que fazemos musicalmente é folclore, e folclore é algo universal. Assim como as redes sociais. É muito fácil para nós sermos autênticos. De personagem o mundo já está cheio, e nós nunca fomos personagens. Tudo o que cantamos são histórias de pessoas que convivem conosco. Não por autopromoção, mas por valorização. Tem até um trocadilho, por conta desse despojamento: nos chamam de tradicionalistas universitários. Temos uma ligação com todos os estilos musicais, porque o respeito é mútuo. O Rogério é amigo do Neguinho da Beija-Flor, eu sou amigo dos caras da Krisiun. Isso é difícil, porque o gaúcho tem dois problemas, o bairrismo e o preconceito.
Qual é a importância do Rogério Melo em todo este tempo de carreira?
Dizem que ele é o coração e eu sou a cabeça. A cabeça já está meio careca, mas tudo bem (risos). Nós temos uma amizade de 36 anos, ele ia na nossa invernada com 10 anos, era chamado de guri. Foi meu aluno de violão. O que nos une é o respeito, não somos irmãos de sangue, mas o destino nos fez muito mais do que isso. É a pessoa mais autêntica que eu conheci na minha vida, um exemplo de bondade, cordialidade, que ama e defende, uma pessoa sem preconceitos, carismático. Para as comemorações de 20 anos, planejamos uma remodelagem na nossa identidade, e o Rogério foi fundamental, porque, às vezes, queremos acelerar demais, e ele sabe a velocidade certa das coisas.
Gostaria que você falasse sobre Paixão Côrtes, cujo legado é tema da Semana Farroupilha.
Eu tenho muitos ídolos, mas nada deste universo existiria sem o empenho de Paixão Côrtes. Ele é uma pessoa essencial. Mais do que isso, é o pai de todo esse movimento. O Paixão fez algo que ninguém faria e que é fundamental: ir pessoalmente nos lugares e conhecer. Aprendi muito isso vendo o Paixão: não é ouvir falar, é conhecer os lugares. O Paixão resgatou coisas que ninguém conhecia e deu vida ao gaúcho.
Fonte: portal GauchaZH
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