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Tipos do Alegrete

( Coluna publicada em ZH de 15.01.11 ) Todas as cidades têm os seus tipos populares, que vão mudando conforme a época. Hoje eu não sei quais...

(Coluna publicada em ZH de 15.01.11) Todas as cidades têm os seus tipos populares, que vão mudando conforme a época. Hoje eu não sei quais são os tipos do meu Alegrete, mas certamente eles estão por lá.

O que eu me lembro perfeitamente é da galeria dos meus tempos de guri e adolescente, isso por volta de 1950 – eu nasci em novembro de 1934.

Normalmente os tipos populares são pessoas mansas e pacíficas, que não fazem mal a ninguém. Muitos têm bronca, porém, com o apelido, e é aí que o apelido pega mesmo. Pessoas calmas e até de certa forma queridas pelo povo e respeitadoras das famílias, quando chamadas pelo apelido, viram bicho. A rigor, eles só têm inimigos entre a gurizada. Pelos adultos, pessoas de bem, são tratados com respeito e consideração, não raro recebendo um canto de galpão onde dormir com um prato de boia.

No Alegrete do meu tempo existia o Ordálio, um belo nome latino para um velhinho de cabeça branca – que tinha um defeito: não tomava banho, era sujo uma coisa por demais, a única pessoa que eu soube que abichou de tão suja.

Outro tipo era o Catutinha, que vivia pelas ruas da cidade vestindo judiadas peças da indumentária militar e ferindo as cordas de arame de um velho violão, repetindo a mesma marchinha e marchando militarmente pelas ruas e praças alegretenses. E cantando patrioticamente: “Nós somos da Pátria a guarda, fiéis soldados por ela amados”. O Catutinha, ao contrário da maioria de outros tipos populares, bebia bastante, estava quase sempre embriagado, mas não incomodava ninguém. Podiam chamá-lo de Catutinha que ele não se importava. Morreu atropelado por um trator.

Outro tipo importante era um moço pouco mais que adolescente, o Agostinho Super Homem – o tipo de louco manso, cordial e simpático. Ele mesmo se deu esse apelido. Seu orgulho era a sua musculatura. Ele usava camisetas apertadas e gostava de estufar o peito para que as pessoas apalpassem os seus músculos. Uma vez, para demonstrar a sua força, ele ficou na frente de um carro de braços abertos… e foi parar no hospital. De outra feita, para mostrar que podia voar, saltou do edifício Frigia, onde ficava a Rádio ZYE9, Rádio Alegrete e, claro, se esborrachou lá embaixo. Voar ele não voava – mas era puro músculo, forte como sapato de padre.

Outro tipo muito conhecido era uma mulher velha, mulata de cabelo crespo, que vivia ali na Rua da Caridade, entre os trilhos e o hospital. Ela rengueava de uma perna, e todo dinheiro que ganhava usava para comprar cachaça, daí o seu apelido, Mãe da Canha, pelo qual ela não se incomodava. Quando faltava cachaça ela ia ao hospital, onde já era conhecida, dizia que estava com reumatismo e pedia uma garrafa de álcool para se afumentar. Claro que simplesmente ela empinava o líquido de sua predileção.3

Fonte: Blog do MTG

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