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A análise ideológica da "Caverna do Tradicionalismo" - Parte 2

(foto) imagem de Mauricio de Souza Seguimos no debate sobre o editorial do Presidente do MTG, deste mês de junho, tentando entendê-lo. D...


(foto) imagem de Mauricio de Souza


Seguimos no debate sobre o editorial do Presidente do MTG, deste mês de junho, tentando entendê-lo.

Depois da preparação inicial em que diz que “alguém” cria ambientes para limitar a visão e as ações de outros, convida ao leitor para uma “reflexão sobre nossa capacidade de enxergar o que está além desta tela”. A tela é o ambiente em que vivemos, segundo o Presidente.

E prossegue dizendo que “Fomos, diríamos, conduzidos, formados, moldados para não enxergar nada além desta ilusão”. Confesso que não me enquadro no “FOMOS”. Onde será que foi realizada essa maldade que formou e moldou as pessoas (tradicionalistas, imagino) para viver num ambiente de ilusão e não conseguir ver além dele. Talvez os CTGs sejam, na visão do autor do texto, espécies de escolas que formam pessoas que não enxergam e vivem na ilusão. Os tradicionalistas “se formam” nos CTGs. Ou não?

O autor completa essa primeira parte do editorial identificando as razões que levaram alguém a “formar e moldar” com vistas ao cegamento e à inação: “para servir às conveniências, disputas, buscas de poder e ego”. Finaliza o parágrafo dando indicação de quem é ou quem são os autores da maldade, dizendo “de quem não quer, não admite, a multiplicidade de protagonistas”.

Nesta altura do editorial temos a definição do SOMOS (ver Parte 2): os que vivem uma ilusão e não têm a capacidade de ver além do ambiente fantasioso por terem sido propositalmente moldados para isso.

Também temos a indicação de que há alguns poucos protagonistas que submetem os demais por interesses: “conveniências” (seriam interesses financeiros?); “disputas” (seriam os concursos e rodeios?); e “Busca de poder e ego” (seria o desejo de ser mandante indefinidamente?).

Prossegue o debate sobre o editorial do Presidente do MTG, deste mês de junho.

Na segunda parte do editorial, a partir do 4º parágrafo, o Presidente, finalmente conduz o leitor para o Movimento Tradicionalista Gaúcho. Depois de alertar que não é fácil, diz que “precisamos evoluir, voltando a buscar novos olhares, novos horizontes, novas possibilidades de fazermos diferente”. Me parece que isso é uma indicação para algo novo, algo ainda não realizado ou não tentado. Ou seja, algo inovador.

Porém, na sequencia ele afirma que “fazermos o verdadeiro, aquele do qual não deveríamos ter nos afastado.” Então, depois de indicar para o novo, diz que devemos voltar para o que já foi e do qual não deveríamos ter nos afastado e, ali, no passado está o “verdadeiro”.

Para completar o pensamento o autor diz que esse “verdadeiro” está “nos propósitos, desejos, vontades e sonhos” dos “jovens de 47”.

Para melhor explicar para onde está apontando, o autor cita nominalmente João Carlos Paixão Cortes dizendo que “encontra-se conosco e continua contribuindo com suas pesquisas” e, em seguida, afirma que ele foi o “sinuelo do processo de uma grande revolução e transformação cultural de nossa sociedade local”. Conclui essa referencia aquele “jovem de 47” perguntando por que ele se encontra recolhido “aos bastidores, à margem do processo iniciado por ele há 70 anos?”

Sem entrar no mérito do quanto o pesquisador e folclorista contribuiu para o tradicionalismo organizado, me parece justo dizer que Paixão Cortes foi o líder de uma ação importante que se prolongou no tempo e resultou na criação do 35 CTG e, 20 anos depois, no surgimento do MTG. Mas dizer somente isso, para quem não domina a história do tradicionalismo gaúcho, é muito pouco e pode conduzir a que as pessoas pensem que a ideologia, os princípios, a estrutura e o modelo organizacional se deve a ele, o que não corresponde com a verdade.

Penso que aqui há uma pequena confusão entre tradição e folclore cujas pesquisas e resgates principais se devem a Paixão Cortes e Barbosa Lessa e o tradicionalismo organizado (MTG), cuja construção se deve muito mais a Barbosa Lessa, Glaucus Saraiva, Cyro Dutra Ferreira, Antonio Candido Netto, Antonio Augusto Fagundes, Hermes Ferreira, Hugo da Cunha Alves, Getúlio Marcantônio, entre outros.

No que interessa, no debate a respeito do editorial, a pergunta que fica é: o Movimento que o líder idealiza é aquele de 70 anos atrás ou um outro que está para ser descoberto a partir de “novas possibilidades” e do “diferente”?

Depois de levar os leitores para dentro do Movimento Tradicionalista, o Presidente diz que “acredito que em algum momento desta caminhada aconteceu um afastamento porque perdemos a capacidade de enxergar além desta linha imaginária que nos foi colocada em frente aos olhos. Fomos induzidos a pensar que não devíamos ultrapassá-la. Que além dela poucos poderiam transitar, os ditos e falsos pensadores e intelectuais.”

Pois aqui está um dos mais agressivos ataques àqueles que, desde o Congresso Tradicionalista de 1954, escreveram teses, realizaram debates em profundidade, publicaram livros ou simplesmente mostraram os princípios, os valores e os fundamentos do tradicionalismo gaúcho. Não me refiro à tradição e suas manifestações. Nem me refiro à cultura gaúcha. Refiro-me ao Movimento Tradicionalista , instituição com objetivos definidos, com princípios e valores cristalizados, com regulamentos exaustivamente debatidos e aprovados pelos milhares de tradicionalistas que participaram de mais de 60 congressos e mais de 80 convenções.

O texto, ao se referir aos “ditos e falsos pensadores e intelectuais” só pode estar se referindo a Barbosa Lessa, Glaucus Saraiva, Antonio Augusto Fagundes, Jarbas Lima, Darcy Xavier da Paixão, Salvador Lamberti, Ivo Benfatto, Lilian Argentina, Onésimo Carneiro Duarte, Hugo Ramirez, entre tantos outros tradicionalistas que se propuseram a estudar e apresentar documentos e livros para orientar o tradicionalismo gaúcho.

É evidente que quem se arvora à condição de julgador classificando um ou outro de “falso intelectual”, deve ser muito intelectualizado. Pois, o autor do texto conclui esta segunda parte do editorial acusando os “falsos pensadores e intelectuais” afirmando: “Nos fizeram pensar que para além desta tela era um campo para poucos. Porque poderia ser perigoso se cada uma aprendesse a se posicionar e pensar”. Confesso que não entendi, pois, se os pensadores são falsos, não deveriam ter a capacidade de manipular os outros. Ou, então, o editorial classifica os tradicionalistas como incapazes de pensar, o que seria, no mínimo, injusto.

A causa tradicionalista não pertence a este ou a aquele. É de todos os que voluntariamente se dedicam ao Movimento e, pelo que percebo, são pessoas inteligentes, sérias, voluntariosas e que não se deixam manipular.


Fonte: blog do Rogério Bastos


Para ver a parte 1, clique aqui.

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