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Dia 04 de dezembro é o dia do poeta repentista e do artista regional gaúcho

Dia 4 de dezembro é o dia do Poeta Repentista Gaúcho e do Artista Regional Gaúcho, em homenagem a Gildo de Freitas (Leovegildo José de ...



Dia 4 de dezembro é o dia do Poeta Repentista Gaúcho e do Artista Regional Gaúcho, em homenagem a Gildo de Freitas (Leovegildo José de Freitas - 19/06/1919 à 04/12/1982) e Teixeirinha (Vitor Mateus Teixeira - 03/03/1927 à 04/12/1985), respectivamente.

A lei estadual 8.814, de 10 de janeiro de 1989, consagra os dois artistas como símbolos desta data magna do verso.

Segundo Paulo Roberto de Fraga Cirne, em seu livro, Canto de Improviso, se falarmos em trova em qualquer outra região fora do Estado, ninguém terá dúvidas de que se trata da Quadra Popular ou da Trova Literária.

Trova — Composição lírica, cantiga ou quadra popular constituída de uma estrofe de quatro versos ou linhas, rimados o 2° e o 4°; ou o 1° com o 3° e o 2° com o 4°. Assim o trovador expressa todo o seu pensamento em uma única estrofe, demonstrando o poder de síntese poética.

Rapsódia — Fragmentos de cantos épicos entre os gregos; trecho de uma composição poética; composição musical formada de diversos cantos tradicionais ou populares de um país.

Quadra Popular — Fornia poética escrita, constituída de 4 versos (linhas), rimados normalmente o 2° com o 4° versos. Vem desde os séculos XI e XIV, quando os poetas portugueses já imitavam a poesia provençal.

Trova Literária - É semelhante à quadra, porém as rimas são do 1° verso com o 3° e o 2° com o 4°. O trovador literário é uma pessoa de bom nível cultural, que sabe condicionar os versos, respeitando os critérios técnicos da trova.

Repentismo — É o verso repente, improvisado na hora e cantado. O cantador de improviso remonta épocas muito antigas. Segundo registros, a trova em desafios de improviso, já existia em Roma, por volta do ano 1250. Dos tempos bíblicos, como o Rei Davi e Salomão, que eram improvisadores; na Grécia Antiga, com Homero e, em Portugal, na Idade Média, os desafios de repentistas eram comuns e populares. Camões e Bocage foram grandes improvisadores.

O trovador do Rio Grande do Sul, na parte do improviso, tem estilo próprio. A Trova Galponeira é a arte de improvisar versos em diferentes modalidades de versificação e com diferentes gêneros musicais de acompanhamento, identificadores da cultura gaúcha.

Métrica - Com estrofes em sextilhas (6 versos ou rinhas) e a métrica em redondilha maior (setissilábicas, isto é, com 7 sílabas poéticas).

Início — O improviso de antigamente era em quadrinhas, ou seja, estrofes de 4 versos (linhas), com rimas intercaladas (2° com o 4° versos). Normalmente ao som da viola de 10 ou 12 cordas e chamada de "porfia", que significa disputa, competição. As primeiras, caracterizavam-se por apresentar melodia livre, as chamadas QUERO-MANAS, do período fandangueiro.

Trova Campeira - É a trova tradicional de desafio (disputa), no Rio Grande do Sul, com estrofes em sextilhas (6 versos ou linhas), e rimas alternadas (2°, 4° e 6° versos). Esta modalidade popularizou-se a partir das comemorações do Centenário da Revolução Farroupilha em 1935. Seus primeiros grandes divulgadores, foram os trovadores e gaiteiros Inácio Cardoso e Pedro Raymundo (este natural de Imaruí-SC). Por esta mesma época, Inácio Cardoso introduziu a sextilha (estrofe de 6 versos), que até então cantavam em quadra (4 Unhas). Por ter acompanhamento de gaita com a nota musical Ml MAIOR, numa ocasião, Inácio Cardoso teria chamado de MI MAIOR DE GAVETÃO, sendo que também chamavam esta tradicional modalidade de TROVA CAMPEIRA. Atual¬mente, denomina-se oficialmente de TROVA CAMPEIRA e o gênero musical de GAVETÃO, por estar a melodia entre o xote e a toada.

Gavetão - A saudosa professora e folclorista Lílian Argentina Braga ' Marques, assim definiu o termo: "A palavra GAVETÃO, para muitos, está associada ao acorde arpejado inicial de Mi Maior com que começam a execução instrumental. Em termos de gênero musical, o MI MAIOR DE GAVETÃO caracteriza-se, como um xote em compasso quaternário. O andamento moderato é flexível, dependendo da solicitação dos improvisadores."

Trova OI-LÀ-RAI — Modalidade muito antiga, quase que totalmente em desuso, característica da região do litoral do nosso Estado. Também conhecida por OI-LE-LA-RAI, OI-LAI-LAI, com variantes na parte musical e também na formação dos versos. É cantada em dupla e até em duas duplas (a duas vozes) de cantadores em desafio. Os versos tanto podem ser improvisados, como decorados. Outrora era exercitada como CANTIGA DE TRABALHO, na derrubada de matos pelos lenhadores da região ribeirinha do Taquari, ainda nos pichuruns e também nos intervalos dos trabalhos agrícolas no meio rural dos municípios do litoral.

Trova Tira-Teima (ou tira-cisma) - Modalidade atualmente em desuso. A melodia difere um pouco do GAVETÃO e não há intervalo musical entre um cantador e outro. A parte poética é a mesma da Trova Campeira.

Trova em Milonga - O trovador improvisa em ritmo de milonga. Normalmente é utilizada em apresentações individuais e não de disputa. A melodia é de compassos indefinidos e estrofes sem ter um número padrão de versos, podendo ser em sextilha ou oitava e rimas alternadas (2°, 4°, 6° e 8° versos).

Trova de Martelo - A música é vaneira e marcha, com início em Mi Maior. A característica é a rima interestrófica, o concorrente completa a rima do outro, repete os dois últimos versos do antecessor e assim sucessivamente. Recentemente foi oficializado pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho, reconhecendo os trovadores Setembrino Rodrigues da Silva (falecido) e João Alves Castanho Filho, como criadores desta modalidade em 1954, numa ex-cursão de Passo Fundo-RS à Soledade-RS.

Trova Estilo Gildo de Freitas - Os trovadores improvisam em cima da música DEFINIÇÃO DO GRITO, de Gildo de Freitas. Estrofes de 9 versos, com rimas no 2°, 4°, 6° e 9° versos e 7° e 8° entre si.

Tema - Entre os anos de 1956 e 1965, através do programa Festança na Querência na Rádio Gaúcha, Paixão Cortes e Dimas Costa criaram o TEMA nas trovas de disputa, para evitar a repetição de velhos chavões, bem como para testar o conhecimento dos trovadores.

Canto de Improviso, P.R. de Fraga Cirne

Fonte: blog do Rogério Bastos

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