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Quando a crise afeta a cultura

É notório que toda a crise econômica reflete-se em inúmeras searas fazendo com que a população, afetada pela falta de poder aquisitivo, a...

É notório que toda a crise econômica reflete-se em inúmeras searas fazendo com que a população, afetada pela falta de poder aquisitivo, acabe priorizando seus gastos. Consequentemente o lazer e a cultura acabam ficando em um segundo plano.

Resumindo o campo de nosso comentário para os limites estaduais e municipais percebemos uma estagnação cultural pouco vista anteriormente. Os incentivos as grandes produções em filmes, vídeos, teatros, festivais, e dezenas de manifestações folclóricas foram reduzidas a patamares nunca vistos, quando não exterminados, como foi o caso do Instituto de Tradição e Folclore, órgão focado nas pesquisas e na preservação de nossos costumes. Nossos (poucos) museus estão deteriorados, com infiltrações, portas fechadas, enfim, esquecidos. Os monumentos viraram muros de pichações e deteriorações.

Sem o apoio do poder público, a iniciativa privada também encolheu-se, minguando os já parcos patrocínios.

Exemplo do que escrevemos é a suspensão de eventos tradicionais como o carnaval, rodeios crioulos, festivais nativistas... E tudo funciona como uma bola de neve. As pessoas deixam de ir a um baile pois os gastos com tal divertimento podem ser direcionados ao estudo e alimentação, por exemplo. Em consequência observa-se uma quebradeira de Centros de Tradições e conjuntos musicais como nunca acontecera anteriormente.

Um evento tradicional, popularesco, de grande dimensão, aonde o gaúcho interiorano se reencontra consigo mesmo e com sua história, aonde revivemos nosso brio e reafirmamos nossa identidade e que, ao que percebemos, tornou-se uma incógnita, é o Acampamento Farroupilha de Porto Alegre. Ao menos a assinatura do acordo entre o MTG e a Prefeitura dá um alento.

Contudo, sem a coordenação e o aporte da administração municipal não se imagina o destino da próxima edição. Diversas reuniões já foram efetivadas buscando soluções para a falta de tais verbas públicas. Ao que parece, água, luz, banheiros, segurança, e outros itens que recebiam o imprescindível apoio vão ter que ser canalizados, em forma de rateio, para cada um dos piquetes acampados. Fala-se em um acréscimo de R$ 500,00 a R$ 1.500,00 para cada galpão. Se for só isto ainda é pouco frente ao quadro que se apresenta. Contudo, como muitas destas entidades já encontram dificuldade até mesmo para erguer seu rancho devido a citada crise econômica, algumas não terão condições de arcar com mais despesas, podendo até abdicar de participar do acampamento.

E, com certeza, esta falta de capital não é um "privilégio" da Capital (desculpem o trocadilho). Dezenas de eventos comemorativos que dependerem de dinheiro além do bolso da bombacha, não acontecerão.

Se há dois anos fomos prejudicados em nossas comemorações farrapas pela doença equina do Mormo, por algum tempo restringiremos nossos festejos por culpa desta doença que atinge o nosso Pais.    

Resta-nos torcer que esta crise seja passageira ou que nossos administradores encontrem soluções criativas para o triste cenário que se apresenta.


Fonte: blog do Léo Ribeiro

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