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Nacos da História Gaúcha - Dia do Pajador Gaúcho

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Por Rádio Fronteira Gaúcha - www.radiofronteiragaucha.com - @FronteiraGaucha

Hoje, 30 de janeiro no Rio Grande do Sul é o “Dia do Pajador Gaúcho”, conforme a lei nº 1.676, de 16 de outubro de 2001, e que faz parte do calendário de eventos do Estado

O Dia do Pajador Gaúcho, instituído por Lei Estadual em outubro de 2001, é uma justa homenagem ao pajador missioneiro Jayme Caetano Braun, cujo nascimento aconteceu no dia 30 de janeiro de 1924, as 8h30min, na Fazenda Santa Catarina, situada na localidade de Timbaúva, na época 3º distrito de São Luiz Gonzaga, onde é hoje município de Bossoroca.

 Mestre dos payadores: Jayme Caetano Braum é reconhecido por sua obra, suas rimas de improviso usando “Décima Espinela”  .
A Décima, em arte poética, é uma estrofe com dez versos. Nela, os versos podem ser heptassilábicos (redondilha ) ou decassílabo.
A Redondilha é o nome dado, a partir do século 16, aos versos de cinco ou sete sílabas) Chama-se decassílabo o verso com dez sílabas poéticas (sílabas métricas).
A Décima Espinela é a estrofe com a qual se expressam os pajadores gaúchos brasileiros, payadores argentinos, uruguaios e chilenos .Possui este nome porque é associada sua criação ao poeta espanhol Vicente Espinel que registrou pela primeira este esquema rimático.

Há também décimas com outros esquemas rimáticos diferentes do da Espinela. A estas chama-se Copla Real.

Payador: O termo define o repentista que recita versos de improviso.
Há uma semelhança entre Payador e Trovador, porém, a trova gaúcha tornou-se mais popular, ramificando em três estilos consagrados, que são: Trova Campeira (mi-maior de gavetão), Trova de Martelo e Trova Estilo Gildo de Freitas. Enquanto a trova é cantada com acompanhamento de uma gaita, a payada é recitada ao som de um violão, basicamente em ritmo de milonga.

Payada: Não há um consenso para a origem etmológica da palavra payada, mas apenas hipóteses levantadas por pesquisadores. Alguns afirmam que a origem vem de ‘payo’, nome primitivo dos habitantes de Castilla, na Espanha. Outros alegam que a raiz está na denominação de ‘palla’, nome dado pelos Quíchuas aos grupos de índios que sentavam nas praças a cantar. Porém, apesar das incertezas quanto a origem do nome ‘payada’, sabe-se que seu principio está ligado aos romances e quadras medievais e renascentistas, com grande alcance popular. Esta forma de literatura oral foi trazida pelos povoadores espanhóis do território platino.

 Vida e Obra de Jayme Caetano Braun
 
Payador, poeta e radialista, Jayme Caetano Braun nasceu na Timbaúva (hoje Bossoroca), na época distrito de São Luiz Gonzaga, na Região das Missões no Rio Grande do Sul.

Durante sua carreira fez diversas payadas, poemas e canções, sempre ressaltando o Rio Grande do Sul, a vida campeira, os modos gaúchos e a natureza local.

Jayme sonhava em ser médico mas, tendo apenas o Ensino Médio, se tornou um autodidata principalmente nos assuntos da cultura sulina e remédios caseiros, pois afirmava que "todo missioneiro tem a obrigação de ser um curador".

Aos 16 anos mudou-se para Passo Fundo, onde viveria até os 19 anos. Na capital do Planalto Médio, Jayme completou seus estudos no Colégio Marista Conceição e serviu aoExercito Brasileiro.

 Jayme foi membro e co-fundador da Academia Nativista Estância da Poesia Crioula, grupo de poetas tradicionalistas que se reuniu no final dos anos 50, na capital gaúcha.

Trabalhou, publicando poemas, em jornais como O Interior e A noticia (de São Luiz Gonzaga). Passa dirigir em 1948 o programa radiofônico Galpão de Estância, em São Luiz Gonzaga e em 1973 passa a participar do programa semanal Brasil Grande do Sul, na Rádio Guaíba. Na capital, o primeiro jornal a publicar seus poemas foi o A Hora, que dedicava toda semana uma página em cores aos poemas de Jayme.

Veio a falecer de parada cardíaca em 8 de julho de 1999, por volta das 6h, em Porto Alegre. Seu corpo foi velado no Palácio Piratini, sede do governo sul-rio-grandense, e enterrado no cemitério João XXIII, na capital do estado. Para o dia seguinte estava programado o lançamento de seu último disco Exitos 1.

Obra de Jayme Caetano Braun

 Em seus versos retratou, com conhecimento de causa, os hábitos costumes e vicissitudes do homem campeiro do sul do Brasil.

O peão de estância, o gaúcho andarilho, o índio missioneiro e muitas outras figuras regionais ganharam vida em seus poemas.

A formação dos Sete Povos das Missões, a epopéia farroupilha, foram alguns dos seus muitos temas.

Eterno filósofo galponeiro, em suas reflexões, buscou as respostas da existência na visão do homem simples.

Sua temática ia da raiz às estrelas, sendo ao mesmo tempo regional e universal; seus versos mescla de história, costumes e atualidades, exaltaram a vida do homem excluído, pobre e oprimido.
Deixou sua obra imortalizada em vários livros e discos. Sendo considerado pelos tradicionalistas, como referência gauchesca da essência riograndense.

Lançou diversos livros de poesias, como Galpão de Estância (1954), De fogão em fogão (1958), Potreiro de Guaxos (1965), Bota de Garrão (1966), Brasil Grande do Sul (1966),Passagens Perdidas (1966) e Pendão Farrapo (1978), alusivo à Revolução Farroupilha. Em 1990 lança Payador e Troveiro, e seis anos depois a antologia poética 50 Anos de Poesia, sua ultima obra escrita.
Publicou ainda um dicionário de regionalismos, Vocabulário Pampeano - Pátria, Fogões e Legendas, lançado em 1987.
Jaime também gravou CDs e discos, como Payador, Pampa, Guitarra, antológica obra em parceria com Noel Guarany. Sua ultima obra lançada em vida foi o disco Poemas Gaúchos, com sucessos como Payada da Saudade, Piazedo, Remorsos de Castrador, Cemitério de Campanha e Galo de Rinha.
Gravou, ainda, com Lúcio Yanel, Cenair Maicá e Luiz Marenco.
Entre seus poemas mais declamados pelos poetas regionalistas do país inteiro, destacam-se Bochincho, Tio Anastácio, Amargo, Paraíso Perdido, Payada a Mário Quintana eGalo de Rinha.
Seu nome batiza ruas, praças e principalmente CTGs no Rio Grande do Sul e em todo o Brasil. É considerado o patrono do Movimento Pajadoril no Brasil.


Curiosidades sobre o Pajador

- Seus primeiros poemas foram publicados em 1943, no jornal A Notícia de São Luiz Gonzaga, assim como seu 1° Livro Galpão de Estância, em 1954.
- Seus ídolos na poesia foram: Laurindo Ramos (tio avô); Balbuino Marques da Rocha; João Vargas do Alegrete; Juca Ruivo e os insuperáveis Athaualpa Yupanki e José Hernandez (Martin Fierro).
- Foi um dos fundadores do CTG Galpão de Estância de São Luiz Gonzaga.
- Foi um dos fundadores do conselho coordenador do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), sendo presidente em 1959.
- Foi um dos fundadores da Estância da Poesia Crioula, grupo de poetas tradicionalistas que se reuniram no final dos anos 50.
- Considerado, juntamente com Noel Guarany, Cenair Maicá e Pedro Ortaça um dos “Troncos Missioneiros” fundadores do estilo musical chamado: Missioneiro; marca registrada da região das missões e do Rio Grande do Sul.
- Na infância, juventude e também na maturidade (sempre que possível) passava suas férias nas fazendas de seu avô Aníbal Caetano ou de seu tio Danton Ramos.
- Sonhava fazer medicina, sem terminar o ensino médio, tornou-se um especialista em remédios caseiros. Dizia que todo missioneiro tinha a obrigação de ser um curandeiro.
- Para alguns era considerado um artista polêmico, genioso, pois era radical ao defender seu ponto de vista. Dizia o que tinha que dizer; gostassem ou não.
- Certa feita ao ser comparado a um corvo, devido a seu gosto por roupas escuras, respondeu: “O corvo é uma ave higiênica, que limpa todos os campos”.
- Seu ultimo CD: Êxitos 1 (lançado dias após sua morte) estava pronto com mais de ano de antecedência; o lançamento havia sido adiado (a seu pedido) pois queria estar em melhores condições de saúde.
- Dentre seus companheiros e parceiros musicais destacam-se: Noel Guarany, Cenair Maicá, Pedro Ortaça, Lucio Yanel, Glênio Fagundes, Chaloy Jara e Gilberto Monteiro.
- Recebeu ao longo de sua carreira inúmeras premiações e homenagens: destaque especial no prêmio Açoriano de Música (1997), troféu Simões Lopes Neto, maior honraria concedida pelo Governador do estado (1997), Troféu Laçador de Ouro (1997).
- Foi instituído em sua homenagem, na data de seu aniversário, 30 de Janeiro, o “Dia do Payador” com lei estadual de N° 11.676/01 de autoria do Deputado estadual João Luiz Vargas.
- Os Dois Lenços: devido à grande admiração por seu tio avô Laurindo Ramos, poeta e Coronel chimango da revolução de 1923 e 1924 e por influencia de seu tio Ruy Ramos, começou a usar o lenço branco, sendo apelidado desde moço de “chimango”. Muito mais tarde, na sua maturidade, ao morar em Porto Alegre, capital política dos gaúchos, passou a usar o lenço colorado.
-Era torcedor gremista, mas nem por isso deixou de assistir com amigos colorados a um GreNal na torcida do Internacional, como contou-me o seu primo-irmão Sr. Juca Ramos.

Naquela feita, ao ser quase denunciado ao comemorar um gol do Grêmio, disfarçou e criativamente disse: “Dá-lhe seus frescos, nós estamos jogando mal, mas vamos virar essa porcaria...” (como se fosse um fanático torcedor colorado). O que motivou risadas entre os amigos que sabiam da verdade.

-Outra que me contou o Sr. Juca Ramos é a de quando Jayme era diretor da biblioteca pública, recebia seguidamente a visita dele, que na época era estudante e ia lá fazer pesquisas .

 Em certas vezes Jayme  se reunia com  o Sr. Juca e outros estudantes e encaminhava todos para sua sala para “estudar” a Divina Comédia de Dante Alighieri, ao cruzar pela secretária, uma idosa senhora, ele pedia para não ser importunado, pois precisava ensinar muitas coisas importantes à aqueles estudantes, o que causava certa admiração na senhora, mal sabia ela que eles iam jogar truco.

Fonte dos Textos : Vinícius Ribeiro - Pesquisa Feita em 2005.
Fonte dos Textos: Decionário Online wikipedia .
Fonte das Fotos banco de imagens da web .

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