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A última coluna de Nico Fagundes

Antônio Augusto Fagundes, o Nico, escreveu hoje sua última coluna para o Jornal Zero Hora (amanhã, se despede do Galpão Crioulo). É uma ...


Antônio Augusto Fagundes, o Nico, escreveu hoje sua última coluna para o Jornal Zero Hora (amanhã, se despede do Galpão Crioulo). É uma escolha difícil para quem tem a mente lúcida, como é o caso de Nico Fagundes. Esperamos, a contragosto, que seja a derradeira “coluna”, ou seja, escritos periódicos, mas que este grande escritor, poeta, compositor, apresentador, continue nos brindando, mesmo que esporadicamente, com seus conhecimentos e com seu atavismo que vem através das letras.

Eu não sou jornalista. Como diriam nos velhos tempos, sou um “pratico”, isto é, àquelas pessoas que, de tanto praticar determinada profissão, acabam confundidos com os profissionais verdadeiros. Contudo, me gusta por demais um texto bem escrito, alicerçado em experiências, que não permitam dubiedade ao seu leitor. Este é o caso de Nico ao encordoar as palavras.

Sempre mirei três pessoas ao tentar expor no velo do papel aquilo que penso. Juca Kfouri, comentarista esportivo de São Paulo, pela sua inquietação (e forma de expressá-la), ante o que acha estar errado e pela ironia refinada que abunda seus textos. Paulo Santana, por procurar sempre sair do lugar comum, da mesmice. Mesmo quando escreve sobre temas recorrentes como sistema prisional, saúde, etc.. Paulo Santana consegue ser diferente dos demais. Não é cansativo. O terceiro escritor que admiro é Nico Fagundes.

Não tenho relação de amizade alguma com Antônio Augusto Fagundes. Não frequento seu círculo de companheirismo, não jogo truco cego no Clube Pitoco com sua turma e, por isso, falo descompromissadamente e com naturalidade sobre este colunista. Embora eu ache que ele use seguidamente a primeira pessoa (eu fiz isto, eu conheço aquilo), admiro a sua forma de manifestar-se sobre os costumes, ás tradições do Rio Grande. O uso da primeira pessoa advém, com certeza, de seu cabedal de conhecimento histórico, das horas dedicadas aos estudos, da sua vivência campeira, da sua relação com o mundo artístico riograndense. Isto o leva a colocar-se, por vezes, à frente de outros assuntos. Não possuo a metade do currículo de Nico e, mesmo assim, tenho que me policiar para não estar seguidamente falando de mim ou de minha gente.

Estamos perdendo um dos últimos baluartes, esteio, moirão de angico, cerne de cabriúva, tronco de guajuvira, da escrita terrunha. Um homem com memória invejável.

O que importa, a quem se despede, é saber se vai deixar saudades. Quanto a este sentimento, Antônio Augusto Fagundes, o velho Nico do Alegrete, tem consciência que, no  rastro que deixou através de suas colunas, a saudade florescerá. Sempre que bombearmos alguma folha amarelada com redações de fundamento, com certeza, este grande gaúcho estará se manifestando.

Do blog do Léo Ribeiro

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