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Ancoradouro do Gasômetro poderá se chamar Nico Fagundes

Está em tramitação, na Câmara Municipal de Porto Alegre, o projeto de lei nº 065/18, de autoria do vereador José Freitas (PRB), que de...


Está em tramitação, na Câmara Municipal de Porto Alegre, o projeto de lei nº 065/18, de autoria do vereador José Freitas (PRB), que denomina Ancoradouro Nico Fagundes o equipamento público localizado nos fundos da Usina do Gasômetro, na orla do Lago Guaíba, no Bairro Centro Histórico. Nico nasceu em 4 de novembro de 1934, em Inhambuí, interior de Alegrete (RS), e morreu em 24 de junho de 2015, aos 80 anos, no Hospital Ernesto Dornelles, na capital gaúcha, onde estava internado havia mais de um mês.

“Reconhecido na cultura gaúcha, Nico foi premiado diversas vezes como poeta, novelista, compositor e autor, bem como ator de teatro, televisão e cinema. Apresentou pela RBS TV – afiliada da Rede Globo – o programa Galpão Crioulo, com uma das maiores audiências da televisão gaúcha, por mais de duas décadas. Canto Alegretense, canção cujos versos são de sua autoria, não rara é confundida com o próprio Hino Rio-Grandense. Era respeitado como autoridade do folclore gaúcho, da história do Rio Grande do Sul, antropologia, religiões afro-gaúchas, indumentária, cozinha gauchesca e danças folclóricas”, escreve José Freitas em seu projeto.

Nico iniciou sua carreira jornalística aos 16 anos, como cronista e repórter do jornal Gazeta de Alegrete. No mesmo período, começou a atuar na rádio local, apresentando programa humorístico e gauchesco. Foi secretário dos Cadernos do Extremo Sul, editando diversos poetas. “Em 1954, quando terminou o serviço militar obrigatório, chegou à conclusão de que o Alegrete já estava pequeno demais para ele, resolvendo, então, se bandear para a Capital de mala e cuia, que se diga, era, naturalmente, o sonho de todo jovem do interior. E, como coragem não lhe faltava, pois sempre fora resoluto e destemido, e ademais seus irmãos Darcy, radialista, e Aldo, deputado estadual, já faziam desta Capital também suas querências”, lembra o vereador, que completa: “Então, mudou-se para Porto Alegre, onde encontrou a sua verdadeira querência, na qual respirava o ar puro da beira do Lago Guaíba e dos ‘cerros’, como gostava de chamar. Sempre foi homem de levantar cedo, de madrugada, para matear e apresentar seu programa na Rádio Gaúcha, Galpão do Nativismo, ou para gravar o programa de televisão Galpão Crioulo, ou ainda o programa Galpão do Nico, na Rádio Rural”.

Página regionalista

Em fins de 1954, estava surgindo o jornal A Hora, o primeiro colorido de Porto Alegre, cujo diretor de redação era o jornalista Josué Guimarães. Nico Fagundes, por sua vez, ofereceu-se para escrever uma página regionalista no jornal, o que de pronto aceitaram, ocasião em que foi pedida uma demonstração de seu texto. Redigiu sobre o tratado a Paz de Ponche Verde, cujo texto foi aprovado, e o artigo publicado no dia seguinte. Ingressou como sócio no 35 CTG, a convite do poeta Lauro Rodrigues, mais tarde concorrendo ao cargo de Patrão, foi então eleito patrão do 35 CTG, tornando-se professor de danças folclóricas e literatura gauchesca no Instituto de Tradições e Folclore, desenvolvendo projetos, inovações e realizações, criando em seguida as Invernadas Artísticas, incentivando também bailes, concursos, desfiles, música, poesias e tertúlias.

Iniciou pesquisas da indumentária gaúcha, tornando-se a maior autoridade sobre o assunto no Rio Grande do Sul. Contratado como ator pela TV Piratini, foi um dos fundadores do Conjunto de Folclore Internacional, mais tarde batizado de Os Gaúchos, o qual foi diretor durante 15 anos. Em 1960, fundou, no Instituto de Tradições e Folclore, a Escola Gaúcha de Folclore, de nível superior, que funcionou durante seis anos. Atuou como titular nas cadeiras de danças folclóricas e indumentária gaúcha, sendo diretor da escola durante seis anos.

Apoio a novos artistas

Sobre a importância de Nico para a cultura gaúcha, José Freitas enfatiza: “Na época, muitos artistas principiantes, a grande maioria vinda do interior do Estado, tiveram nos programas de rádio e televisão apresentados por Nico Fagundes a grande oportunidade e a força suficiente para tornarem-se conhecidos e famosos, como Gaúcho da Fronteira, João de Almeida Neto, Cezar Passarinho e tantos outros. O prestígio que emprestava à obra de outros poetas não fez com que Nico Fagundes descuidasse de sua própria poesia, pois ganhou prêmios e concursos em Vacaria, Alegrete e em Porto Alegre, deixando ainda duas obras inéditas, a serem oportunamente lançadas. Por todas essas suas qualificações, Antônio Augusto Fagundes é respeitado como autoridade em folclore gaúcho, história do Rio Grande do Sul, antropologia, religiões afro-gaúchas, indumentária gauchesca, cozinha gauchesca e danças folclóricas”.

Em 2000, teve um acidente vascular cerebral (AVC), e chegou a se afastar do Galpão Crioulo, mas se recuperou. Em 2001, juntou-se aos sobrinhos Neto e Ernesto e ao irmão Bagre Fagundes para formar o grupo Os Fagundes. Em 2012, Nico se despediu da atração, que passou a ser apresentada por Neto e pela jornalista Shana Müller.


Fonte: portal Felipe Vieira Jornalista
Matéria de 14 de julho de 2018.

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