Foi preciso engendrar uma manobra incomum para conquistar um ponto que pudesse ligar o Rio Grande dos farrapos com o mar. Este ponto e...
Foi
preciso engendrar uma manobra incomum para conquistar um ponto que
pudesse ligar o Rio Grande dos farrapos com o mar. Este ponto era
laguna, em Santa Catarina. O primeiro passo era constituir a Marinha
Rio-Grandense. Giuseppe Garibaldi conhecera Bento Gonçalves ainda em
sua prisão, no Rio de Janeiro, e obteria dele uma carta de corso para
aprisionar embarcações imperiais. Em 1º de setembro de 1838, Garibaldi
é nomeado capitão-tenente, comandante da marinha Farroupilha.
O plano era criar um estaleiro, junto a uma fábrica de armas e munições em Camaquã, na estância de Ana Gonçalves, irmã de Bento Gonçalves, trazer os barcos pela Lagoa até o Rio Capivari, e dali, por terra, sobre rodados especialmente construídos para isso, até a barra do Tramandaí, onde os barcos tomariam o mar. Assim foi feito, mas não sem dificuldades.
Os imperiais, informados dos planos farrapos, atacaram o estaleiro de Camaquã, comandados por Francisco Pedro de Abreu, o Chico Pedro, também conhecido por Moringue. Eram mais de uma centena de homens, cercando o galpão com 14 trabalhadores entrincheirados. A comandá-los, Giuseppe Garibaldi. Foram horas de ataque e resistência heróica. Quase ao anoitecer, Moringue precipita-se do esconderijo e leva um balaço no peito. Seus companheiros o recolhem e fogem tão rapidamente quanto chegaram.
Já com os lanchões Seival e Farroupilha cortando as águas da Lagoa dos Patos, eram fustigados pela retaguarda pelo temível John Grenfell, Comandante da Marinha Imperial na Província. Fugindo e despistando conseguem enveredar pelo estreito do Rio Capivari e passam os barcos a terra. Puxando sobre rodados, os dois lanchões artilhados, com cem juntas de bois, atravessaram ásperos caminhos, pelos campos úmidos - em alguns trechos completamente submersos, pois era inverno, tempo feio com chuvas e ventos, tornando o chão um grande lodaçal. Cada barco tinha dois eixos e, naturalmente, quatro rodas imensas, revestidas de couro cru. Piquetes corriam os campos entulhando atoleiros, enquanto outros, cuidavam da boiada.
Levaram seis dias até a Lagoa Tomás José, vencendo 90 km e chegando a 11 de julho. No dia 13, seguem da Lagoa Tomás José à Barra do Rio Tramandaí, sob o Oceano Atlântico, e, no dia 15, lançam-se ao mar com sua tripulação mista de 70 homens. O Seival, de doze toneladas, era comandado pelo norte-americano John Griggs, conhecido como “João Grandão”, e o Farroupilha, de dezoito toneladas, comandado por Garibaldi, ambos armados com quatro canhões de doze polegadas, de molde "escuna".
Finalmente atacam Laguna por terra, com as forças de Canabarro, e por água. Entrando através da Lagoa da Garopaba do Sul, passando pelo Rio Tubarão e atacando Laguna por trás, surpreendendo os imperiais que esperavam um ataque de Garibaldi pela barra de Laguna e não pela lagoa'. Garibaldi com o Seival, toma Laguna, com ajuda do próprio povo lagunense, a 22 de julho de 1839. A 29 deste mês proclama-se a República Juliana, feito um país independente, ligada à República Rio-grandense pelos laços do confederalismo.
Prepara-se o ataque farrapo à ilha do Desterro, hoje Florianópolis, mas o império contra-ataca de surpresa, com força total. Comandados pelo General Andréa, por terra, mais de 3.000 homens e por mar, com uma frota de 13 navios, melhor equipados e experientes, na batalha naval de Laguna, quando teve pela frente o Almirante Imperial Frederico Mariath.
Garibaldi recebe ordem superior de queimar os seus seis navios e de juntar o que resta de suas tripulações ao exército de terra, que prepara a retirada de Laguna. Os imperiais retomam Laguna a 15 de novembro de 1839, expulsando os farrapos Garibaldi e Canabarro. Garibaldi foge com Ana, que tornar-se-ia conhecida como Anita Garibaldi, uma mulher lagunense casada, cujo esposo alistara-se no exército imperial, abandonando-a, um escândalo para a época. Anita veio a ser sua companheira de todos os momentos, lutando lado-a-lado com Garibaldi seja nos pampas gaúchos, como na Itália, onde é considerada heroína.
OS CAMPOS DE LAGES
Em março de 1838 os farroupilhas haviam adentrado a região de Lages, anexando-a à República Rio-Grandense, com o apoio de alguns fazendeiros locais.
Depois das queda de Laguna as tropas farrapas, tomaram o caminho de Lages para retornar ao Rio Grande do Sul. Enquanto isso o governo imperial havia decidido enviar um contingente de tropas ao sul pelo interior com a missão de retomar Lages e depois auxiliar contra o cerco de Porto Alegre pelos farrapos. Em Rio Negro reuniram-se 1500 homens, vindos do Rio de Janeiro, Curitiba, Paranaguá, Antonina e Campo do tenente, deslocando-se em seguida para santa cecília, onde acamparam em 25 de outubro de 1839.
Travando pequenos combates com piquetes farroupilhas em novembro, através dos Campos dos Curitibanos e Campos Novos, chegaram a Lages, onde retomaram a vila. Dali uma parte da coluna do brigadeiro Francisco Xavier da Cunha decidiu seguir em direção ao Rio Pelotas, para invadir o Rio Grande do Sul.
Os farrapos, derrotados em Lajes, se reuniram em um entreposto alfandegário, para cobrança de impostos sobre as tropas de gado e mulas que vinham de Viamão e seguiam para Sorocaba, conhecido como Santa Vitória.
O brigadeiro Francisco Xavier da Cunha, foi informado e para lá dirigiu-se, com seus dois mil homens. Foi surpreendido, em 14 de dezembro de 1839, por Teixeira Nunes, que com sua cavalaria, conseguiu dividir a tropa legalista e o fez retroceder. Em um renhido combate as tropas legalistas foram derrotadas. O brigadeiro ferido e protegido por alguns oficiais, tentou escapar e ao cruzar o Rio Pelotas, morreu afogado.
Os farroupilhas retomaram Lajes novamente, mas as tropas legalistas foram reforçadas por uma divisão vinda de Cruz Alta, sob o comando do coronel Antônio de Melo Albuquerque, o "Melo Manso".
Garibaldi e Teixeira Nunes, pressentido um ataque, dividiram suas tropas, uma partiu para o norte, onde perto do Rio Marombas encontrou uma tropa legalista superior e, 12 de janeiro de 1840. Os republicanos foram dizimados, dos 500 iniciais, menos de 50 conseguiram retornar a Lajes e depois voltar ao Rio Grande do Sul.
Fonte: blog do Léo Ribeiro
Confira as outras partes dessa história:
PARTE I
PARTE II
PARTE III
PARTE IV
PARTE V
PARTE VI
PARTE VII
O plano era criar um estaleiro, junto a uma fábrica de armas e munições em Camaquã, na estância de Ana Gonçalves, irmã de Bento Gonçalves, trazer os barcos pela Lagoa até o Rio Capivari, e dali, por terra, sobre rodados especialmente construídos para isso, até a barra do Tramandaí, onde os barcos tomariam o mar. Assim foi feito, mas não sem dificuldades.
Os imperiais, informados dos planos farrapos, atacaram o estaleiro de Camaquã, comandados por Francisco Pedro de Abreu, o Chico Pedro, também conhecido por Moringue. Eram mais de uma centena de homens, cercando o galpão com 14 trabalhadores entrincheirados. A comandá-los, Giuseppe Garibaldi. Foram horas de ataque e resistência heróica. Quase ao anoitecer, Moringue precipita-se do esconderijo e leva um balaço no peito. Seus companheiros o recolhem e fogem tão rapidamente quanto chegaram.
Já com os lanchões Seival e Farroupilha cortando as águas da Lagoa dos Patos, eram fustigados pela retaguarda pelo temível John Grenfell, Comandante da Marinha Imperial na Província. Fugindo e despistando conseguem enveredar pelo estreito do Rio Capivari e passam os barcos a terra. Puxando sobre rodados, os dois lanchões artilhados, com cem juntas de bois, atravessaram ásperos caminhos, pelos campos úmidos - em alguns trechos completamente submersos, pois era inverno, tempo feio com chuvas e ventos, tornando o chão um grande lodaçal. Cada barco tinha dois eixos e, naturalmente, quatro rodas imensas, revestidas de couro cru. Piquetes corriam os campos entulhando atoleiros, enquanto outros, cuidavam da boiada.
Levaram seis dias até a Lagoa Tomás José, vencendo 90 km e chegando a 11 de julho. No dia 13, seguem da Lagoa Tomás José à Barra do Rio Tramandaí, sob o Oceano Atlântico, e, no dia 15, lançam-se ao mar com sua tripulação mista de 70 homens. O Seival, de doze toneladas, era comandado pelo norte-americano John Griggs, conhecido como “João Grandão”, e o Farroupilha, de dezoito toneladas, comandado por Garibaldi, ambos armados com quatro canhões de doze polegadas, de molde "escuna".
Finalmente atacam Laguna por terra, com as forças de Canabarro, e por água. Entrando através da Lagoa da Garopaba do Sul, passando pelo Rio Tubarão e atacando Laguna por trás, surpreendendo os imperiais que esperavam um ataque de Garibaldi pela barra de Laguna e não pela lagoa'. Garibaldi com o Seival, toma Laguna, com ajuda do próprio povo lagunense, a 22 de julho de 1839. A 29 deste mês proclama-se a República Juliana, feito um país independente, ligada à República Rio-grandense pelos laços do confederalismo.
Prepara-se o ataque farrapo à ilha do Desterro, hoje Florianópolis, mas o império contra-ataca de surpresa, com força total. Comandados pelo General Andréa, por terra, mais de 3.000 homens e por mar, com uma frota de 13 navios, melhor equipados e experientes, na batalha naval de Laguna, quando teve pela frente o Almirante Imperial Frederico Mariath.
Garibaldi recebe ordem superior de queimar os seus seis navios e de juntar o que resta de suas tripulações ao exército de terra, que prepara a retirada de Laguna. Os imperiais retomam Laguna a 15 de novembro de 1839, expulsando os farrapos Garibaldi e Canabarro. Garibaldi foge com Ana, que tornar-se-ia conhecida como Anita Garibaldi, uma mulher lagunense casada, cujo esposo alistara-se no exército imperial, abandonando-a, um escândalo para a época. Anita veio a ser sua companheira de todos os momentos, lutando lado-a-lado com Garibaldi seja nos pampas gaúchos, como na Itália, onde é considerada heroína.
OS CAMPOS DE LAGES
Em março de 1838 os farroupilhas haviam adentrado a região de Lages, anexando-a à República Rio-Grandense, com o apoio de alguns fazendeiros locais.
Depois das queda de Laguna as tropas farrapas, tomaram o caminho de Lages para retornar ao Rio Grande do Sul. Enquanto isso o governo imperial havia decidido enviar um contingente de tropas ao sul pelo interior com a missão de retomar Lages e depois auxiliar contra o cerco de Porto Alegre pelos farrapos. Em Rio Negro reuniram-se 1500 homens, vindos do Rio de Janeiro, Curitiba, Paranaguá, Antonina e Campo do tenente, deslocando-se em seguida para santa cecília, onde acamparam em 25 de outubro de 1839.
Travando pequenos combates com piquetes farroupilhas em novembro, através dos Campos dos Curitibanos e Campos Novos, chegaram a Lages, onde retomaram a vila. Dali uma parte da coluna do brigadeiro Francisco Xavier da Cunha decidiu seguir em direção ao Rio Pelotas, para invadir o Rio Grande do Sul.
Os farrapos, derrotados em Lajes, se reuniram em um entreposto alfandegário, para cobrança de impostos sobre as tropas de gado e mulas que vinham de Viamão e seguiam para Sorocaba, conhecido como Santa Vitória.
O brigadeiro Francisco Xavier da Cunha, foi informado e para lá dirigiu-se, com seus dois mil homens. Foi surpreendido, em 14 de dezembro de 1839, por Teixeira Nunes, que com sua cavalaria, conseguiu dividir a tropa legalista e o fez retroceder. Em um renhido combate as tropas legalistas foram derrotadas. O brigadeiro ferido e protegido por alguns oficiais, tentou escapar e ao cruzar o Rio Pelotas, morreu afogado.
Os farroupilhas retomaram Lajes novamente, mas as tropas legalistas foram reforçadas por uma divisão vinda de Cruz Alta, sob o comando do coronel Antônio de Melo Albuquerque, o "Melo Manso".
Garibaldi e Teixeira Nunes, pressentido um ataque, dividiram suas tropas, uma partiu para o norte, onde perto do Rio Marombas encontrou uma tropa legalista superior e, 12 de janeiro de 1840. Os republicanos foram dizimados, dos 500 iniciais, menos de 50 conseguiram retornar a Lajes e depois voltar ao Rio Grande do Sul.
Fonte: blog do Léo Ribeiro
Confira as outras partes dessa história:
PARTE I
PARTE II
PARTE III
PARTE IV
PARTE V
PARTE VI
PARTE VII
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