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Reflexão e Ideologia, por Léo Ribeiro

 No 65º Congresso Tradicionalista acontecido neste fim de semana em Bento Gonçalves, um encontro bonito, importante, bem organizado, dent...

 No 65º Congresso Tradicionalista acontecido neste fim de semana em Bento Gonçalves, um encontro bonito, importante, bem organizado, dentre as dezenas de acertos eu coloco como ponto alto do evento a manifestação do ex-presidente do MTG Manoelito Carlos Savaris, porta voz de um documento que leva o nome de “reflexão e ideologia”, e que é fruto de debates realizados em reuniões do Conselho Diretor do MTG. Savaris comprometeu-se de colocar no papel para que os Patrões de entidades e Coordenadores Regionais tenham como base para decisões necessárias. É um documento extenso e pode ser encontrado no site do MTG.

Com a autoridade e o respeito que angariou dentro do Movimento, Savaris tocou em pontos cruciais com os quais comungo há vários anos mas que se fossem ditos por outra pessoa não teriam o mesmo alcance, tais como:

a) O uso da pilcha. Na parte campeira se refere ao uso correto da pilcha e na área artística, o pior, parece que os concorrentes usam as pilchas por obrigação. Estas (pilchas) somente são colocadas na hora da apresentação, sendo desprezadas logo em seguida.

 b) A profissionalização dos concorrentes. Onde anda o voluntariado, o amadorismo (no sentido romântico)? O mercantilismo está tomando conta da tradição.  

c) A saga dos Instrutores de Invernadas que, sem um apego maior a entidade, acabam sendo mais importantes que os próprios patrões.

d) A complexidade das Planilhas de Avaliações, que ocasionam erros e debates frequentes. Eu, a moda antiga, sempre julguei pelo que me tocou na alma sem importar-me com caretas, expressões faciais, etc... Para ser avaliador, hoje, é necessário um curso profissionalizante e ter uma calculadora ao lado.

Duas perguntas que ficam são:

1ª - Se Manoelito Savaris, com propriedade, agora defende estas proposições, porque não colocou-as em prática no longo período em que presidiu a entidade?

2ª - Se existem problemas na seara campeira e artística porque os encarregados foram reconduzidos na função?

A resposta é a mesma para as duas questões. O "exército romano" foi crescendo tanto que hoje está difícil controla-lo. Quem vai fiscalizar e punir pilcha e encilha em rodeio? Quem vai obrigar o dançarino a tirar sua bermuda e recolocar a bombacha? Quem vai dizer para a prenda que ela fica muito mais bonita de saia do que de bombacha? Que patrão vai encarar o instrutor de danças? Qual invernada vai se deslocar a um rodeio para competir por troféu?

É uma guerra inglória que, sinceramente, esperamos que seja vencida pelo MTG.




 Aqui um resumo da manifestação de Manoelito Savaris extraídas do blog Notícias do Tradicionalismo Gaúcho, do Rogério Bastos.

Savaris iniciou com algumas considerações preliminares e que, uma das primeiras coisas, foi que no século XX, os jovens tomaram uma atitude de reação a invasão cultural, especialmente a norte-americana. Os jovens reagiram a essa invasão, resgatando elementos fundamentais para a preservação da cultura tradicional do RS. Afirmou que uma coisa fundamental a ser dita é que a evolução é da essência das entidades, que movimento é mudança e aponta para o futuro.

A segunda parte do trabalho aborda, especialmente, baseada nas teses que temos em nossa literatura tradicionalista sobre fundamentos e objetivos, que é a carta de princípios e os estatutos. Documentos que nos dão a direção para onde iremos. “Simplicidade. Nós somos simples, pois o gaúcho é simples no jeito de vestir, de se comportar, em nossos galpões” - disse Savaris. “Tradicionalidade. Nós somos tradicionais, acima de tudo. Tradicionalista é aquele que usa a tradição como seu rumo, como seu norte, mas a tradição que é o legado, os valores princípios e costumes dos antepassados, o que tem valor para mim e para o meus filhos” - concluiu. E, finalmente, o voluntariado. De forma graciosa, sem esperar retorno, somente a satisfação de fazer algo pelo todo e que atinge 95% dos participantes do Movimento. Fez ainda, uma analise do momento atual do Movimento, que tem duas grandes áreas que apresentam conflitos. Na área campeira, que afeta a questão da tradicionalidade, especialmente na questão da pilcha. E na área artística, na questão da indumentária, cujo problema é o não uso, principalmente, em rodeio gaúcho, onde, no domingo, somente estão pilchados os que ainda não subiram ao palco. “Na campeira o laçador não tira a bombacha, na artística sim, por quê?” – perguntou Savaris. Afirma que os dirigentes não tomam atitude para não se indispor com os participantes. “Temos questões competitivas, pois levaram a quase profissionalização em algumas áreas. Voluntariado ali quase não existe mais. Laçadores voluntários quase não existem, também. Os laçadores somente se interessam pelos prêmios e, quem faz isso, somos nós. Na portaria que passa a sede deste congresso, por exemplo, diz o seguinte: “Por tratar-se de um evento amador....” ou seja, são eventos amadores. Perguntamos: todos são amadores? Especialmente os músicos, instrutores, avaliadores são amadores? Queremos ser amadores ou profissionais, nós temos que dizer isso. Ou queremos que o Enart não seja amador. Diz que os profissionais estão prestando seu serviço da melhor forma, nós é que temos que dizer o que queremos. Disse ser contrário ao uso do cd nos grupos de dança, pois, do jeito que está como vou criticar quem dança com esse recurso? Se contratar músicos se torna muito caro. Precisamos parar e questionar. Para projetar o futuro, esse modelo que nós temos é o que nos interessa”- concluiu. Savaris falou ainda, do domínio dos instrutores dentro dos CTGs. Isso acontece porque o patrão é um voluntário que, pressionado pela gurizada e pelos pais desses jovens, fica contra a parede. Ou se submete à pressão ou fica sozinho, porque o instrutor pega todo mundo e vai embora, para outra entidade. São  impostas condições, as quais sempre são de custo elevado, ficando, muitas vezes, para a entidade quitar. Essas são as consequências paralelas. Cada vez mais as entidades do interior não conseguem manter grupos adultos para fazer frente aos custos de avaliação. A planilha da dança foi encarada da forma que “um comum não entende, só especialistas podem entender”. As demais planilhas, de outras modalidades artísticas, também estão iguais. Se alguém subir no palco e cantar musica do Gildo é ultimo lugar garantido. Por quê isso? Nós somos um” the voice”, ou uma entidade tradicionalista? Essas são as reflexões que devemos ter a coragem de repensar essas questões.


Fonte: blog do Léo Ribeiro

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