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Em entrevista, presidente do MTG avalia a própria gestão

Foto: Diogo Sallaberry Após 17 anos empregados exclusivamente ao tradicionalismo, sendo os últimos dois na presidência do MTG, Manoelit...

Foto: Diogo Sallaberry


Após 17 anos empregados exclusivamente ao tradicionalismo, sendo os últimos dois na presidência do MTG, Manoelito Savaris entregou o cargo semana passada (quando tomou posse o tradicionalista Nairo Callegaro) para se dedicar, como define, a um ano sabático: no dia 29 de fevereiro, embarca para a Itália para resgatar a história da própria família, que deve ser contada em livro. Nesta entrevista, ele avaliou a própria gestão, opinou sobre temas polêmicos e falou sobre os rumos da tradição. Acredita que o maior desafio do seu sucessor é, internamente, manter a unidade do movimento. Externamente, é o tiro de laço que deve nortear os principais debates, especialmente em Brasília.

A própria gestão

“Eu tinha 11 objetivos e cumpri todos. O primeiro era o equilíbrio financeiro do MTG. Outro era a criação do Festival Gaúcho de Danças (Fegadan), em Caxias. Criar um evento do nada é extremamente complicado. Investimos R$ 50 mil em cada ano. Criamos o primeiro Fegachula. Do que eu gostaria de ter feito, está ter começado a montar a primeira escola tradicionalista. Em 1996, foi aprovado em um Congresso Tradicionalista a determinação de que o MTG deveria implantar escolas de primeiro e segundo grau, uma escola normal, mas com matérias de folclore e tradição. Não consegui por falta de dinheiro. Temos até um lugar, a sede da 1ª RT”.

Recomposição do MTG (quando assumiu a presidência, em 2014, Savaris disse que o MTG estava dividido e que era preciso se recompor)

“Não tenho a mínima dúvida de que o MTG se recompôs. Qual a oposição dentro do MTG? Não tem. Quando assumi era 60% de um lado e 40% de outro. Foi assim que eu comecei 2014. Dos 30 coordenadores regionais, 12 estavam contra mim. A primeira coisa que eu fiz foi conversar com esses 12, de que agora a gente tinha que se ajudar. Por que havia dois grupos? Questão de gestão, de má administração. Hoje eu digo que não há condições de montar uma chapa de oposição porque não tem oposição”.

Dívidas pagas e dinheiro em caixa

“Quando eu entrei em 2014, o MTG tinha R$ 180 mil em dívidas. Deixo a presidência dois anos depois com R$ 80 mil em caixa. Ainda levei o Rio Grande do Sul para Piratuba/SC (no Rodeio Nacional dos Campeões) pagando tudo, R$ 110 mil. Fiz reforma no prédio do MTG, gastei R$ 80 mil. Tive que pagar uma conta da Fecars, em Viamão, de R$ 70 mil. O que eu fiz? Reduzi despesas. Demitimos funcionários, cortamos o pagamento de despesas com alimentação em viagens. O MTG pagava o aluguel de um apartamento para o presidente, em Porto Alegre. Passei a pagar esse aluguel. É uma questão da forma de ver a instituição”.

Dançarinos x tradicionalistas

“Se formamos dançarinos ou tradicionalistas dentro dos CTGs? O mais importante é formar cidadãos. Gente que saia do CTG e saiba enfrentar a vida, seja trabalhadora e honesta. Mais do que a questão cultural ou tradicional, estamos cuidando da questão social, dando às famílias um ambiente de bom convívio. Barbosa Lessa escreveu em 1954, em “O sentido e o valor do tradicionalismo”, o seguinte: um pequeno grupo vai entender a finalidade e o valor, mas a grande maioria será executora. Temos seminários, concursos, palestras com o objetivo de melhorar a questão cultural, mas o mais importante é que o jovem está lá (no CTG) e que vai levar conceitos de responsabilidade, de disciplina pelo resto da vida”.

Tiro de laço

“O dia em que o laço virar só um jogo, ele não se sustenta. A história mostra isso. Se for só um jogo precisa estar pilchado? Não. Muito já se debateu sobre o uso do relho, por exemplo. O que prevalece: quem olhar para o homem a cavalo tem que dizer: lá vai um gaúcho. Se o homem está sem espora, sem faca, sem relho, de bombacha duvidosa. . que gaúcho é esse? No momento que se tirarem essas referências não é mais tradição. A briga do tiro de laço será em Brasília. Há vários projetos tramitando lá, inclusive um que prevê a proibição de qualquer atividade em que haja perseguição de animais, inclusive tiro de laço. Tem outro que reconhece o laço como patrimônio cultural do Brasil e isso dará um fôlego para o tiro de laço. Se não vermos o laço como cultura, como vamos justificar correr atrás de um boi em uma cancha?”

Vaca mecânica

“Oficialmente, o MTG autorizou a vaca mecânica para treinos, mas na prática não é só treino. Como se vai tratar isso? Isso não é tradição. Eu concordei que abrissem para treinos porque hoje não tem mais gado. Eu acho que daqui 20, 30 anos vai ser só vaca mecânica. O gado está caríssimo. Hoje para se fazer um rodeio se paga entre R$ 7 e R$ 8 a volta da rês. Ninguém tem dinheiro para bancar isso. A vaca mecânica vai acabar se consolidando por falta de opção, mas é claro que não é tradição. No momento que não tiver mais gado, interessa que as pessoas continuem a cavalo? Interessa porque se tirar o cavalo do gaúcho se tira a essência cultural. As cavalgadas ajudam a manter isso, mas tem gente que precisa do aspecto competitivo. Só que para usar a vaca mecânica em rodeios é preciso criar um cultura de segurança. Tem que ‘eliminar’ o motociclista, essa vaca tem que correr em um trilho. Vai inibir divergências sobre se o motociclista foi mais rápido, mais devagar”.

Narradores

“Temos 186 narradores. Doze deles questionaram o movimento, o regulamento do Departamento de Narradores. Quantos ficaram nessa bronca: quatro. Isso é oposição? Não, são descontentes. Eles enxergam a função de narrador como profissão (o MTG ganhou duas ações na Justiça, uma em que um narrador de rodeios pedia vínculo empregatício e outra em que um narrador pedia anulação de cláusula do Regulamento do Departamento de Narradores, que proíbe que seus integrantes narrem rodeios estranhos à instituição). Para o MTG não é profissão. Por que narrador é profissão e patrão de CTG, juiz, laçador, não? Sei que para muitos é a profissão, mas o movimento não pode oficializar isso”.

CPI Semana Farroupilha

“Eu prestei depoimento duas vezes (a CPI investigava as contas do Acampamento Farroupilha de Porto Alegre, relacionadas aos anos de 2009 a 2013). Foram seis meses de CPI, pediram documentos, ouviram pessoas e a conclusão dá vontade de rir: em documento, escrevem sobre ausência de testemunhas, de documentos importantes. Que testemunhas? Que documentos? Eles não conseguiram um depoimento que mostrasse alguma irregularidade. Não conseguiram provar nada”.


por Manuela Teixeira
Fonte: blog De Galpão, junto ao portal ClicRBS

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