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A fuga de Bento Gonçalves - partes I e II

Tela de Guido Mondin /Acervo Assembleia Legislativa do RS A partir de hoje, durante seis dias consecutivos, passaremos a relatar, com u...

Tela de Guido Mondin /Acervo Assembleia Legislativa do RS


A partir de hoje, durante seis dias consecutivos, passaremos a relatar, com uma riqueza de detalhes pouco vista, um dos episódios mais impressionantes da Guerra dos Farrapos, ou  seja, a fuga de Bento Gonçalves do Forte do Mar, na Bahia, ajudado por Irmãos maçons.

Tais informações foram obtidos por MANUEL ALMEIDA VASCONCELLOS, no Uruguai, em maio de 1840, através dos relatos de GOMES PEREIRA, responsável pela fuga de Bento na Bahia, e que acabou tornando-se seu coronel ajudante de ordens até virarem inimigos por questões financeiras.

Gomes Pereira, com o intuito de obter anistia total pelo seu envolvimento, tanto na Sabinada como na Revolução Farroupilha, revela como se deu a fuga, quanto dinheiro foi gasto no suborno dos militares envolvidos, no transporte, etc... E, para completar, faz uma série de delações sobre tudo que ele sabia da tropa farroupilha e sobre alguns militares legalistas, que eram solidários ao movimento revoltoso.

Este fato atesta que "delação premiada" não é um procedimento novo, ou seja, dos dias atuais.
PARTE I
A PRISÃO NO RIO DE JANEIRO

A Revolução farroupilha seguia seu curso, tendo já completado um ano soba a liderança do Coronel Bento Gonçalves. Como maçom, pertenceu a Loja Filantropia e Liberdade, fundada em Porto Alegre, em 1831, tendo sido eleito seu Venerável em dezembro daquele ano. No ano de sua prisão, ele já havia sido elevado ao grau 18º, Cavaleiro Rosa Cruz.

Nas operações de 1836, a 4 de outubro, Bento Gonçalves é derrotado e preso no Combate da Ilha do Fanfa, localizada no Rio Jacuí, próxima ao município de Triunfo. Em seguida, foi transportado para o Rio de Janeiro, lá chegando a 7 de novembro, sendo encarcerado na Fortaleza de Santa Cruz, onde já se encontravam presos Corte Real e outros farroupilhas.

Não havia completado um mês, o Ministro da Justiça imperial oficia ao Ministro da Guerra que tinha tomado conhecimento de um plano de fuga do coronel Bento Gonçalves. Isto faz com que as autoridades providenciem sua transferência, junto com Pedro Boticário, para a Fortaleza da lage, também no Rio de Janeiro.

Apesar da visitação aos presos ser permitida, o controle aos visitantes era mantido sob constante vigilância. Fruto, portanto, destas constantes visitações, na noite de 10 para 11 de março de 1837 Corte Real e Onofre Pires fogem da Fortaleza de Santa Cruz. Embora o plano fosse também auxiliarem a fuga de Bento Gonçalves e Pedro Boticário, da Fortaleza da Lage, esta tentativa foi fracassada.


A FUGA DE BENTO GONÇALVES - PARTE II
A CHEGADA DE BENTO NA BAHIA
 
 
Forte de São Marcelo, ou Forte do Mar

No início de agosto de 1837, o Ministro da Justiça, Francisco Gê Acayaba de Montezuma, oficia ao Chefe de Polícia da Côrte dizendo que: "...vosmece amanhã á quinta feira 10 do corrente faça intimar pelas seis horas da manhã ao preso Bento Gonçalves da Silva que se acha na Fortaleza da Lage, que deve partir impreterivelmente para a Bahia no Brique de Guerra Constança que ha de largar deste Porto no dia immediato 11..." .

E assim aconteceu. O Jornal do Commercio do Rio de Janeiro, no dia seguinte, informava o movimento no porto e dizia que aquele brigue seguia para Pernambuco, a cruzar pela Bahia. Informava ainda que seus passageiros eram o Arcebispo da Bahia com seu capellão e dois criados, além de Vencesláo Antonio Ribeiro, João Carneiro da Silva Rego, João Alves Pitombo, Francisco Alves Branco e o preso Bento Gonçalves da Silva.

João Carneiro, em 1822, já havia sido remetido para Lisboa, por envolvimento nos movimentos nacionalistas da Independência, na Bahia. Na Sabinada, foi um dos revoltosos. João Alves Pitombo era maçom Grau 30, e pertencia a Loja Fidelidade e Beneficência, que teve participação direta no auxílio a fuga de Bento Gonçalves.

Logo, nesta viagem de 15 dias, é natural deduzir que ambos trocaram ideias com Bento Gonçalves sobre os acontecimentos políticos do Sul e da capital baiana, sendo provável que o Irmão Pitombo já desembarcaria em Salvador e levaria a sua Loja uma proposta de ajuda ao Irmão gaúcho. 

No dia 26 de agosto, chegou Bento Gonçalves em Salvador, sendo recolhido ao Forte de São Marcelo (Forte do Mar). Este forte está localizado em um banco de areia a 300 metros do Porto de salvador, área mais antiga da cidade. Foi originalmente conhecido por "Fortaleza de Nossa Senhora do Pópulo".

O jornal baiano Recopilador Analysta publicou larga matéria sobre a chegada de Bento à Bahia. Dele, extraímos este trecho:

".... consta que, apenas chegado este Coronel, se lhe apresentárão alguns exploradores comissionados da Santa (mas não he muito) Causa, com grandes barretadas, rapapés, adulações e ofertas, persuadidos de que era chegado o Messias e que a cousa pegaria: mas o desgraçado Militar, já acossado de revezes, olhando com despreso para as carêtas que o procurárão, reconheceu nelles promessas em cumprimento, e letras sem aceitante, de que resultou voltarem corridos como cães que levarão pedradas.

O Coronel parece que estudou Lavater depois que foi preso, e por isso refutou as ofertas dos desconhecidos que forão importunar. O seu ar secco, seu aspecto melancolico e sizudo, e sobretudo a experiência, e as adversidades por que tem passado desarmarão a ousadia dos pingões ensejantes......".


Fonte: blog do Léo Ribeiro
 

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