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Shana Müller: recado para Rillo

A colunista escreve mensalmente no 2º Caderno Entender a cultura regional, os traços de identidade como parte de um existir brasileiro. F...

A colunista escreve mensalmente no 2º Caderno


Entender a cultura regional, os traços de identidade como parte de um existir brasileiro. Falar aos homens e mulheres do seu lugar sobre o cotidiano, as inquietudes da alma, os costumes e conseguir comunicar a gerações. Desde criança conheço os poemas de Aparício Silva Rillo. Foi recitando Recado para Eduardo no seu Tempo que consegui a última colocação no Festival Gaúcho e Gastronômico de Arte e Tradição (Feggart), em Farroupilha.

Eram várias páginas, recheadas de cadência e significado, e eu imaginava que o recado era para mim. Não houve como me convencer a trocar de verso para o concurso, mesmo correndo o risco de ultrapassar o tempo permitido, o que de fato aconteceu. Mas eu disse cada palavra. "É preciso, Eduardo, que te capacites que o homem que faz a máquina jamais fez uma flor. Que o homem é bom, malgrado o próprio homem, e que no íntimo de si é simples como as águas..."

Cronista, poeta, dramaturgo, escritor e folclorista, Rillo deixou mais de 40 obras registradas, criou o festival da Barranca e também o de sambas e marchinhas na sua querida São Borja. Foi lá pelos anos 1980 que escreveu poemas em que previa o encantamento pela máquina do nosso tempo.

No próximo dia 8, Rillo estaria de aniversário, e há pouco se completaram 20 anos de sua partida. Bem se sabe que sua memória permanece intensamente nas Semanas Santas de festival à beira do Uruguai, no resgate da família, nos guris da Confraria Ventania e nos parceiros, como Borges, Barbará e Vinícius Brum. Muito já se falou dele por aqui, mas eu precisava desse depoimento pessoal, dessa confissão de amor. Como é preciso que sua obra siga tocando o coração das gerações que virão.

Sempre o achei um visionário e tenho um encantamento profundo pela música de suas palavras, mesmo as que não foram musicadas. De dentro da vida no Sul, conseguiu dialogar e transpor a regionalidade para uma visão universal que apenas fala a partir de um lugar e não o transforma numa ilha. E o fez vestindo bombacha. Porque ser é bem mais do que parecer. "Eu fui menino antes de ti, 60 anos, e tudo, então, não parecia, era. E era tanto e tão profundamente que eu jamais imaginei um piá diferente, como tu, meu menino, no ano 2 mil."


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Fonte: Portal ZH Entretenimento - Coluna Pampianas

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