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Carta aberta ao Mano Lima

Um episódio acontecido no 30º Rodeio Internacional de Vacaria e que causou grande repercussão foi um breve desentendimento entre o artista ...

Um episódio acontecido no 30º Rodeio Internacional de Vacaria e que causou grande repercussão foi um breve desentendimento entre o artista Mano Lima e o Repórter Farroupilha, Giovani Grizotti, o que motivou o seguinte pronunciamento do jornalista:



Carta aberta ao Mano Lima

Gauchada pensei muito antes de escrever esse texto...Enfim, tomei a decisão...Quem me acompanha sabe do meu esforço para divulgar as tradições gaúchas. Cada reportagem, cada chamada, cada post, é uma conquista. Luto mesmo. Com garra. E observem que essa não é a minha principal tarefa na RBS TV. Mas entrei para este mundo movido pela paixão, como vocês...

Por isso, resolvi me manifestar sobre as críticas que o cantor Mano Lima tem feito à Rede Globo e à imprensa de um modo geral. Aqui um parêntese: Mano é xucrismo puro. Ele canta o campo com sua alma. É dos bons. Mas, durante os shows, tem sido aplaudido mais pelo discurso simplistas e cheio de incorreções do que pela música que canta. E quanto isso acontece, é preciso acender o sinal de alerta.

E tudo se repetiu na noite de domingo, 2, durante o Rodeio Internacional de Vacaria. Mano Lima, talentoso artista, expoente da música campeira, fez um inflamado discurso contra a Rede Globo. Generalizou a conduta da emissora, como se nada de bom ela trouxesse para o país. Se estou defendendo a Globo? Claro que não. Como qualquer empresa, ela também tem defeitos. Mas, ao fazer parte dela através da RBS TV, sei o quanto essa crítica é infundada. E, ao atacar a Globo e tudo o que ela faz, Mano Lima atinge também a RBS TV. E só eu e os meus colegas sabemos (e vocês, caso acompanhem a programação) o que a RBS TV tem feito pela cultura gaúcha. Não precisa nem eu citar. Só eu fiz mais de 40 reportagens ano passado. 40! Que outra emissora dá tanto espaço para o gauchismo?

Dessa vez, em vez de ouvir calado o que Mano dizia, resolvi subir ao palco e, no final do show, olho no olho, contrapor os argumentos. Ao Mano, falei mais ou menos o seguinte:

Senhor Mano Lima, o senhor é um grande artista gauchesco. Para muitos, o melhor. E eu respeito muito a sua música. Agora, o senhor está vendo esse microfone aqui e esse logo? É da Globo/ RBS TV. A mesma emissora que o senhor criticou aí no palco está nesse palco para divulgar a sua música. O senhor sabe quantas reportagens vamos produzir aqui, sobre este rodeio, sem nenhum patrocínio? Cerca de 15. “Mas eu não falei isso, disse que a Globo tem coisas boas também”, respondeu o cantor.

E eu retruquei:

Não. O senhor generalizou.

Quero lhe dizer o seguinte: só a reportagem que conseguimos exibir no Fantástico, sobre o Acampamento Farroupilha, atingiu mais público do que a sua música atinge durante um ano.

“Mas o problema é o Jornal do Almoço”, alegou Mano.

Jornal do Almoço? Em que ano o senhor vive? Não liga a televisão pra perceber que o J.A vive apresentando reportagens sobre tradição gaúcha, trazendo artistas ao vivo? Só eu sei quantas vezes já lhe convidei pra participar do Jornal do Almoço, mas o senhor sempre recusou, fazendo pouco caso. Qual o seu problema?

E vou lhe além: o senhor é muito contraditório em seus discursos. Ao mesmo tempo em que reclama de espaço para divulgar nossa cultura, quando é homenageado, não comparece (caso do Prêmio Açorianos). Se por um lado o senhor diz que nossa música não é difundida no centro do país, admite que se recusou a fazer show no Rodeio de Barretos, em São Paulo. Isso não é uma incoerência?

“Mas aquilo (Barretos) é coisa pra palhaço”, rebateu Mano.

Palhaço? Prossegui:

Sim, eu sei que o senhor pensa isso daquele rodeio, pois já ouvi o senhor dizendo isso em outros shows. Agora, pergunto: o senhor já parou pra pensar quantas pessoas também consideram a sua música “coisa de palhaço” por causa das letras alegres e animadas que elas têm? São pessoas fora do meio gauchesco, que não entendem o contexto das sua letras, sempre divertidas. Não é o meu caso. Pra mim, o senhor não é um palhaço. Pelo contrário. É um grande artista. Mas digo isso porque o senhor deveria saber respeitar as diferenças. Nossa cultura não é melhor nem pior que as outras. Temos, sim, é que lutar pelo nosso espaço. “O senhor está distorcendo minhas palavras”, retrucou Mano Lima.

Distorcendo?

Está tudo gravado.

Talvez vocês estejam pensando: ah, mas o Mano Lima é xucro, é o jeito dele...Alto lá. Mano já me disse, por exemplo, que não participa de programas de tv com baixa audiência. Mas o que é isso? Isso é empáfia, desculpe. Vejam o exemplo dos Monarcas, do Joca, do César e do Rogério, só para citar alguns. Nunca recusam uma entrevista, participar de um programa. Porque entendem que o papel do músico é também multiplicar o seu trabalho através da mídia, permitindo que mais e mais pessoas que não tem acesso aos shows, também possam apreciar o que fazem de bom.

Quero dizer ao Mano Lima que, ao contrário dele, não estou fazendo a cobertura de Vacaria só por causa do cachê. Eu poderia estar na minha folga, no conforto do ar condicionado da redação, no meu treino de laço, do qual abri mão, para trabalhar aqui no rodeio, de manhã, de tarde e também à noite, junto com meus colegas. O salário eu receberia igual. Mas estou aqui porque sou comprometido com as tradições gaúchas. Quanto ao senhor, tenho minhas dúvidas .

Um abraço
Do ex-fã
Giovani Grizotti

Repórter da RBS TV/ TV Globo

Fonte: blog do Léo Ribeiro

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