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Shana Müller escreve sobre o trabalho do Erva Buena

Por Shana Müller Da RBS TV    Erva Buena em um encontro com Marinho (Foto: Arquivo Pessoal) Há pouco tempo falamos aqui pelo sit...

Por Shana Müller Da RBS TV 
 

Erva Buena em um encontro com Marinho (Foto: Arquivo Pessoal)


Há pouco tempo falamos aqui pelo site, no programa e em minha coluna em Zero Hora a saudade da "Pulperia" e da famosa década de 1980, época áurea da música nativista e precursora para muita gente. Naquele texto, lembro-me de dizer que sentia muito não ter vivido este momento e não ter visto tantos artistas e tanto público nascer na música feita aqui no Rio Grande.

Como comunicadora e cantora, confesso que muitas noites de sono e muitos dias de trabalhode minha vida foram tomados - e seguem sendo - por essa busca do entendimento do porque muito ficou pelo caminho. No último sábado (13), inclusive, o músico Vinicius Brum escreveu sobre as suas inquietações na coluna "Pampianas", dando um panorama dos festivais e questionando a lapidação de uma nova pedra. Um texto ótimo que, no mínimo, nos traz novamente esta reflexão. E são muitas as questões que ainda merecem atenção quando falamos na produção da música regional gaúcha, nativista, terrunha, ou seja lá o nome que vamos dar à música feita a partir de temas, ritmos e sentimentos do gaúcho.

Costumo frequentar shows de outros artistas, escutar seus discos e entender o que há de novo por aí, seja na composição, em novos projetos, na música cantada ou instrumental. Afinal, se não vivi este universo na década de 1980, tenho a oportunidade de ter olhos atentos para os meus anos 2000.

Escrevi todo este prólogo para chamar a atenção dos amigos - entre algumas das que tenho acompanhado por aí - a um projeto chamado "Erva Buena". Não é mistério para ninguém que aprecio muito os trabalhos em grupo, haja vista o Buenas e M'espalho que criei junto ao Érlon, Cristiano e Angelo com esse intuito. Acredito na união de forças com objetivo comum e respeito das individualidades. Acredito mais ainda que haja espaço para todos e que as pessoas juntam-se no decorrer de suas vidas por identificarem-se de alguma maneira.

O "Erva Buena" começou em trio: dois uruguaianenses e um patrulhense. Nesta ordem: Cabo Déco (de batismo Rafael Ovídio), Nandico (também conhecido como Fernando Saldanha) e o Zelito (Joselito Ramos Souza, nome que consta em seu RG). Depois vieram outros agregados. Assim como no "Buenas", os amigos que se identificam se achegam para fazer parte: também de Santo Antonio da Patrulha, o Lucas Ramos ou Luquéco (não sei se é assim que escreve) e o também de Uruguaiana, ainda que radicado no Alegrete, Tulio Urach (o único da turma sem apelido).
O grupo junto a cantora Rosa Maria (Foto: Arquivo Pessoal)

Já os assisti várias vezes pela capital e sei que os guris andam se movimentando pelo interior.

Como cantora, já conhecia o trabalho do Tulio há muito tempo, desde as parcerias com o Angelo Franco nas Coxilhas e cheguei a gravar músicas dele. Um talentoso! O Zelito, um dos parceiros fundamentais do "Brinco de Princesa". Aliás, este merece uma linha a parte: tenho visto o crescimento deste compositor não somente aqui, mas em suas parcerias com músicos de outros lugares do mundo e de outras praias, como o uruguaio Daniel Drexler e toda sua família, o argentino Pablo Grinjot e o gaúcho Richard Serraria. E a cada encontro sempre levando os seus amigos, agregando pessoas sempre no espírito de fazer música.

Completei meus 30 anos em Cabo Polônio junto a esta parceria e ajudei a criar a música "Não se esqueça de nós", que o Daniel gravou em seu mais recente trabalho. Um elo da minha história que foi criado pelo Zelito, guri que cresceu tocando "Terno de Reis” com a família e tem hoje um trabalho autoral muito pessoal e se vira na construção estilo formiguinha: acredita no seu som, cria sua música e com isso, estabelece o seu público. Público fiel e não momentâneo, que acompanha o artista para o resto da vida, sabe?

O Cabo Déco é um ser especial. Poeta de uma sensibilidade inacreditável nos dias de hoje. Um homem gaúcho que fala de Neruda, Rillo e Chico Buarque com a mesma paixão. Um homem que se emociona e emociona quem o escuta recitar os versos. Nandico e Luquéco: dois amigos que Porto Alegre me deu a oportunidade de conhecer e conviver. Sensíveis e agregadores, inspirados! Não é a toa que estão os cinco juntos nesta ideia.

O "Erva Buena" é isso, antes de tudo. Uma união de espíritos sensíveis que fazem um tipo de arte que reúne muito antes de separar, classificar. No repertório, a gente escuta composições de todos eles e ainda trechos de música americana, e até "Lua de Cristal", do Sulivan e Massadas, sucesso na voz da Rainha dos Baixinhos, além da "Prenda Minha", do tio Telmo, que dialoga com os dias atuais. Tudo isso com cara de milonga. Com cara daqui. Com a nossa cara. Nos entremeios o Déco recita lindos versos de amor, de campo, de verdades.

E assim essa gurizada vem cavando seu espaço, primeiro na música porto-alegrense e em seguida, gaúcha. Pois este projeto eu estou vendo nascer. Quem sabe outras pedras não começam a ser lapidadas na música nativa gaúcha, de uma maneira mais ampla, abrangente e ainda assim, muito regional?

Em 30 anos quero poder matar a saudade deste texto que escrevi alertando os ouvidos e as mentes dos amigos que me leem para esses artistas que fazem música sem medo de se comprometer, com identidade e justamente, pensando no amanhã. Recomendo!

Até a semana que vem!

Fonte: http://redeglobo.globo.com/rs/rbstvrs/galpaocrioulo/noticia/2013/04/posteira-formiguinhas.html
Colaboração: Alan Otto Redü

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