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Entrevista com Presidente do MTG Erival Bertolini

No dia 04/10/12 os Fandangueiros da Tradição, representados por Jeândro Garcia e Éwilin Ayres, estiveram na sede do MTG para entrevistar...


No dia 04/10/12 os Fandangueiros da Tradição, representados por Jeândro Garcia e Éwilin Ayres, estiveram na sede do MTG para entrevistar o presidente Erival Bertolini, que atendeu de prontidão ao nosso pedido. Apesar do seu jeito "gauchão", e do cargo que ostenta, é uma pessoa de fácil acesso, e para nossa surpresa aberto a qualquer conversa, até mesmo temas mais polêmicos. Antes de começar a entrevista batemos um bom papo de quase 1hora, uma conversa franca como se fossemos amigos de CTG. Esperamos que gostem da entrevista, pois para nós foi muito bom ver o alinhamento que a entidade possui sobre diversas questões, que nós tradicionalistas batalhamos tanto, visando melhorar os CTGs e eventos. Um exemplo é o parque onde é realizado o ENART em Santa Cruz, comentamos sobre as condições precárias dos banheiros, além da quantidade ser muito inferior que o necessário, o presidente nos garantiu que essa já uma exigencia deles para este ano e em breve estarão no parque vistoriando as melhorias.

Fandangueiros da Tradição: Dentro das tradições gaúchas quando alguém não sabe a resposta para alguma diretriz ou hábito, costuma-se dizer "que é coisa do MTG", mesmo a entidade não tenho influência em todos os lugares e temas. Ainda assim hoje com todas as informações disponíveis na internet, palestras e até transmissão online pela TV Tradição observa-se esse hábito em algumas ocasiões, onde o senhor acha que está a solução para isso? Sabemos que na sua gestão estes laços estão mais estreitos, mas ainda faltam lugares onde informações básicas, como um blog atualizado e oficial que possam repassarem estas informações.

Bertolini: Nós sabemos disso, as nossas informações custam a chegar, e o povo gaúcho tem mais o hábito de opinar antes de procurar a informação oficial, no caso ler a nossa legislação, procurar no site, assistir a TV Tradição, ainda temos essas dificuldades. Nas interiorizações algumas regiões não possuem a totalidade das entidades e as vezes as entidades não enviam pessoas de todas as áreas, então quem vai se apega a área a qual pertence, então as informações ficam prejudicadas, quem é por exemplo da área campeira não busca informações da área artística, e vice-versa. Outra dificuldade é quando as pessoas não repassam ou tem dificuldade de repassar o que foi tratado. Mas quanto mais insistirmos em levar o MTG as interiorizações e as entidades promoverem palestras, diminuiremos essas dificuldades. Também temos que entender que todos nós tradicionalistas somos responsáveis por tudo de bom que temos, e também pelo que temos de ruim, já que não somos perfeitos, erramos e ainda vamos errar, tendo muito que nos aperfeiçoar. Temos muitos avanços, vocês podem ver o grande conceito que hoje o MTG têm perante as demais sociedades.

Fandangueiros da Tradição: Teremos um site novo?
Bertolini: Sim, possivelmente esse final de semana entre no ar o site novo, muito mais interativo, outra coisa é que os meios de comunicação estão se voltando ao tradicionalismo, por exemplo, o ENART que será transmitido e teremos o Galpão Crioulo lá. Também estamos desmistificando que aqui é o MTG, mas não somos nós, aqui é uma casa administrativa, o MTG é o todo, é o movimento, nos aqui temos a responsabilidade de direcionar o cumprimento das normas, normas essas que não são ditadas por nós, as normas são aprovadas nos congressos e convenções, como vocês dois puderam ver quando estiveram lá, e nós abrimos nossa legislação, foi praticamente refeita, todos tiveram a oportunidade de opinar, sendo que alguns não opinaram e outros queriam legislar pra si, visando o seu interesse, mas nós não podemos legislar para aquilo que trate do individual, temos que ter o melhor para o movimento como um todo.

E hoje o pessoal entende tudo como proibição e não diretriz.. não é que nós proibimos, mas quando que se usa alpargata? Para laçar? No baile? Não, é para estar em casa ou no galpão tomando um mate e conversando com os amigos, mas não é uma questão de proibir, é uma questão de educação, afinal se o vivente quer usar boina, alpargata tudo bem, mas nós sabemos que cobertura em lugares fechados é falta de educação desde o tempo antigo, sabia que antes de dar o "ô de casa" na frente do portão, primeiro se tirava o chapéu? Quem dirá entrar na casa de cobertura, mas o hoje se vê dançando, almoçando no restaurante, no próprio CTG, onde está a educação? Isso não tem a ver com o MTG, mas quando as pessoas não sabem de onde vem, culpam o MTG.

Fandangueiros: Os Fandangueiros da Tradição já possuem 18 anos, dando aula em CTGs e competindo em rodeios e no ENART, por isso e pela ligação de alguns do grupo com membros do MTG, como Rogério bastos e seu Waldemar Alchieri temos um relacionamento mais próximo da entidade, isso nos faz ter uma visão diferenciada de muitos críticos de plantão, e tentamos passar isso para os nossos alunos. O senhor acha que os cursos de fandango, que geralmente pegam um publico que está entrando no CTG, não deveriam ter também este papel mais esclarecedor, ao invés de apenas ensinar a dançar? Ou talvez deva ficar para uma segunda etapa, quando o aluno já está inserido de fato na entidade?
Bertolini: Quando eles estão chegando é mlehor, e no momento que todas as informações forem passadas como forma de informação, e não de exigência, eles irão assimilar com mais facilidade. Então eu acho que naquilo que for possível o curso a deve vir acompanhado da nossa história, costumes e aquilo que pode e não pode no CTG, porque depois as pessoas entram para o tradicionalismo já sabendo, evitando que depois digam: "ah! mas no curso não me disseram que isso não pode", então acho valido sim desde o começo.

Fandangueiros: O baile e também o curso de danças de salão gaúchas no CTG é possivelmente a maior porta de entrada dos galpões, existe uma carência de atenção a essas atividades, já que o CTG é formado de pessoas, mas geralmente temos grandes atividades relacionadas a grupos menores, inclusive até rodeios que não possuem esta modalidade de competição. O senhor possui esta mesma visão de que o fandango possui menos atividades e incentivos por parte dos CTGs e MTG, mesmo sendo única atividade do ENART que qualquer gaúcho participa no dia a dia?
Bertolini: Acredito que seria importante mais cursos de fandango, você pode ver como o pessoal da RBS no Correria Farroupilha, eles gostaram de aprender a dançar, viram como pode ser uma atividade ligada a educação física e laser, também como ponto de encontro de amigos, uma atividade social. Tem CTGs que praticamente a única atividade que tem é o curso de fandango, e às vezes com poucos participantes, eu acho que se tivessem mais cursos de dança de salão, e mais divulgação deles, os CTGs teriam mais associados. Às vezes as pessoas não se sentem a vontade de chegar no CTG, e em um curso de fandango elas são sempre bem acolhidas, quem chega em outras áreas, e não tem o devido conhecimento, se sente deslocado. Outra coisa que temos que aproveitar são os pais que levam as crianças para ensaiar, mas não são acolhidos pelo CTG, devíamos pensar numa forma de receber estas pessoas e integra-las a entidade.

Fandangueiros: Hoje o ENART viverá um grande momento com a transmissão pela TVCOM, quais adequações o senhor acha que serão pertinentes para esta cobertura?
Bertolini: Nós ainda vamos definir com a RBS essa adequação para a transmissão, que me parece começará ao meio dia indo até às 20h, então temos que estudar como será feito.

Fandangueiros: No 7º encontro de comunicadores da tradição gaúcha, em Guaporé, o diretor de jornalismo da RBS nos passou que seriam interessantes atrações como Tchê Barbaridade e Tchê Garotos, para atrair público para o ENART e torna-lo mais interessante para a TV. Vemos pelas redes sociais uma grande rejeição dos tradicionalistas a estes grupos que fizeram parte da tchê music, migraram para o maxixe e agora querem retornar ou que fazem sucesso em outros ritmos. Será que é justo que grupos que diziam a pouco tempo: "Retornar as bombachas seria um retrocesso", sejam priorizados em eventos tradicionalistas? Deixando de contratar grupos autenticamente gaúchos e que nunca arredaram o pé de nossos ritmos, cultura e pilcha.
Bertolini: Eu acho que para termos publico não precisamos fazer isso, ano passado nós tivemos a estimativa de 60 - 70mil pessoas, inclusive com filas para conseguir entrar nos palcos. Agora quanto ao retorno dos tchês eu acho que nós temos até que aplaudir esse pessoal, pois até é uma demonstração que nem deviam ter saído, e nós nem temos como proibir, mas evidentemente que aqueles grupos que nunca saíram da autenticidade o povo sabe dar a resposta para eles, e sabe dar o carinho que eles merecem. Tu vê aí grupos como os Serranos ou Monarcas que fazem shows até na segunda-feira para dar conta de seus contratos, mas não vá pensando que os tchês estão voltando para preservar a tradição, no meu ponto de vista estão retornando porque as coisas não deram tão certo como pensavam e alguma coisa chamou eles de volta, e disse para eles botarem as bombachas, tirarem os brincos, ajeitar o cabelo, sem deixar arrepiadinho claro! (risos)...

Fandangueiros: Hoje muitos CTGs investem a maior parte dos seus recursos em Grupos de Danças Tradicionais, deixando de lado os individuais, e outras atividades como bailes, parte cultural e campeira, sendo estas praticamente inexistentes em alguns galpões. Gostaríamos de saber a sua opinião sobre isso.
Bertolini: Eu acho que os artistas são os individuais, sendo os que mais permanecem, não há um investimento nos individuais, e é uma pena, devia ter um cuidado e investimento maior neles. Muitos permanecem até por profissão e outros por amor a causa. Os grupos tem uma forma especial de se manterem, fazendo promoções e eventos, já os individuais não dispõem disso, não tem essa união, orientação ou alguém que faça isso para eles, se tivesse eles poderiam ter muito mais apoio, talvez devêssemos fazer alguma associação dos grupos com os individuais, nós até já tomamos algumas providencias, como os músicos que devem ser da região, sendo agora 1 depois 2, 3 até todos serem da mesma.

Fandangueiros: Sabemos que o grande foco do ENART são as Danças Tradicionais, e que culturalmente o campeão do ENART é quem ganha esta modalidade, não seria mais justo que aquele CTG que tivesse mais pontos, entre todas as modalidades, recebesse o troféu de Campeão do ENART? Sabemos que este prêmio existe para a região, mas nem mesmo os CTGs da própria região torcem entre si, pois são concorrentes diretos em algumas categorias.
Bertolini: Essa é uma boa sugestão e podemos rever isso.

Fandangueiros: A ideia deste troféu é incentivar o crescimento das demais categorias, alguns CTGs enviam individuais apenas para cumprir o número mínimo estabelecido, sem qualquer preparo ou incentivo. O senhor acha que este prêmio maior serviria para atrair mais talentos ao ENART, melhorar as atividades em geral dos CTGs e até mesmo atrair mais tradicionalistas?
Bertolini: Eu acho que talvez este seja o próximo passo que nós temos que dar para incentivar os individuais.

Fandangueiros: Ano passado tivemos um incidente com o troféu do campeão das danças tradicionais, o que mostra um pequeno pedaço da grande rivalidade que existe entre algumas invernadas, isso vai contra os princípios do movimento tradicionalista, o MTG se preocupa com essa rivalidade ou considera algo normal para um evento competitivo?
Bertolini: A rivalidade é importante até certo ponto, pois se não fosse ela o ENART não estaria no nível que hoje está, mas acredito que o exagero é prejudicial e que deveria haver uma rivalidade que não comprometa os bons costumes, e alguns ficam muito rivais! E isso ai não é bom em lugar nenhum e o movimento perde a finalidade.

Fandangueiros: Hoje os 5 grandes grupos já estão classificados para Santa Cruz, sendo muito beneficiados, pois não passam pelas regionais e inter-regionais, reduzindo seus custos, e possuindo até mais tempo para ensaios, não deveria ser ao contrário? onde CTGs com menores recursos tivessem mais incentivos para o ENART?
Bertolini: Qual seria a sugestão?

Fandangueiros: Uma ideia é que não houvesse esses classificados, ou quem não estivesse classificado não precisaria repetir as mesmas danças que já dançou nas eliminatórias, assim em Santa Cruz teriam menos danças para ensaiar, enquanto quem já está classificado fica com o dever de ensaiar todas.
Bertolini: eu acho que as coisas já vêm acontecendo assim, mas eu não sei com que pretexto poderíamos modificar isso, você pode ver que no futebol é assim.

Fandangueiros: Mas no futebol é só o campeão da copa, não os 5 primeiros que ficam garantidos.
Bertolini: é verdade, é uma ideia a se pensar.

Fandangueiros: Foi lançada a sua candidatura para a reeleição, quais são os seus objetivos para 2013, caso reeleito?
Bertolini: Nós iniciamos um trabalho de manter tudo aquilo que já vinha sendo bem feito e aceito, e também revendo algumas coisas. Tivemos muitos avanços: tiramos a "casinha" lá da mostra folclórica da ciranda de prendas, acabamos com as filas no ENART, retiramos o SAT das inter-regionais e tornamos o movimento mais harmônico, vocês viram a felicidade do pessoal no encerramento de Portão, mas nós temos que continuar tomando os cuidados e tendo um acompanhamento para que as coisas tenham sequência, nós estamos trazendo a festa campeira em 2014 para dentro do Harmonia durante a programação da copa do mundo. Estamos implantando o novo site, onde as regiões poderão solicitar o cartão tradicionalista e outras interações, também estamos fazendo as interiorizações para podermos ouvir as nossas bases e para vermos onde podemos ainda melhorar, mas pode ter certeza que a nossa continuidade representa o crescimento deste trabalho.

Fonte: Fandangueiros da Tradição / www.fandangueirosdatradicao.com.br/  e Chasque Pampeano

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