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O Tradicionalismo Gaúcho por Welci Nascimento

Terminada a Segunda Guerra mundial, na metade da década de quarenta do século passado, o Brasil entrou numa fase influenciada pela cultura n...

Terminada a Segunda Guerra mundial, na metade da década de quarenta do século passado, o Brasil entrou numa fase influenciada pela cultura norte-americana, adida ao grande vencedor da guerra. A cultura gaúcha estava no esquecimento. Quase apagada na memória do povo, embora o esforço dos escritores regionalistas e dos grêmios gaúchos. Havia um imobilismo cultural no Rio Grande do Sul. Não tínhamos identidade musical. As emissoras dos gaúchos só rodavam discos do gênero caipira, moda de viola paulista, e o povo, até do interior, tinha constrangimento de usar bombacha. Em conseqüência, a cultura estrangeira assumia o seu papel através da música, do modo de vestir, dos meios de comunicação, como revistinhas e cinema. Era preciso sacudir o Rio Grande, fazendo com que o seu povo passasse a cultuar suas tradições e não deixasse morrer o ardor por seu pago. Vai daí que um grupo de jovens estudantes do tradicional Júlio de Castilhos, de Porto Alegre, estudantes na sua maioria originários do interior do Rio Grande, resolveu criar o Departamento Cultural do Colégio, com a finalidade de cultuar as tradições do povo gaúcho, ao ponto de, na garupa do Fogo Simbólico Nacional, criar a Chama Crioula Rio-grandense e fundar o primeiro Centro de Tradições Gaúchas, que foi batizado de "35 CTG", na capital do estado, sementeira do Movimento Tradicionalista Gaúcho. Convém lembrar alguns nomes desses jovens: Paixão Cortês, Barbosa Lessa, Glaucus Saraiva, Ciro Dutra Ferreira, Orlando Degrazia, João Machado Vieira, Fernando Machado Vieira, Ciro Dias da Costa, Cilço Campos, Antônio Siqueira e o conterrâneo Wilmar W. de Souza, o Provisório. 0"35 CTG" dinamizou de tal forma o culto às tradições que passou a ser alvo de atenções, primeiramente das principais cidades gaúchas, em seguida de todo o Rio Grande e, atravessando suas fronteiras, principalmente onde havia uma família de gaúchos, migrava para outros estados da federação. A idéia cresceu e fez surgir o Movimento Tradicionalista Gaúcho - MTG- porque, a partir do ano de 1954, os CTGs, começaram a se reunir, em congressos tradicionalistas, onde deliberavam seus interesses e exigiam uma coordenação. Dessa forma, surgiu o MTG ( Movimento Tradicionalista Gaúcho) que passou a congregar todas as entidades tradicionalistas, dirigidas por um coordenador ou coordenadora. O MTG tornou-se o catalisador, o disciplinador, o orientador das atividades dos centros de tradições gaúchas, dos departamentos tradicionalistas, dos quadros de laçadores, dos grupos folclóricos, no que diz respeito ao que preconiza a Carta de Princípios do Tradicionalismo Gaúcho, constituindo-se no maior organismo cívico-sócia-cultural do Rio Grande do Sul e, porque não dizer, do Brasil. O que antes era vergonha usar, hoje não é mais. A bombacha, o lenço no pescoço, branco ou vermelho, as camisetas coloridas, o chimarrão, já se integraram na vida do dia-a-dia da juventude. Hoje, a juventude mostra grande interesse pelo gauchismo. Da mesma forma que esses jovens de bombacha, no informalismo dos festivais e dos rodeios nativistas, espontaneamente fazem cultura, outros grupos também de jovens, contando causos, nos fins de tarde e tomando chimarrão, convocavam, no final da década de 40, seus colegas ginasianos e o povo rio-grandense para uma ação afirmativa, criando o primeiro Centro de Tradições Gaúchas. Já se disse que a única coisa que pode salvar um povo do colonialismo é o culto às nossas tradições, sejam elas gaúchas ou nordestinas. Os centros de tradições gaúchas, quando bem dirigidos, procuram devolver às pessoas o que elas perderam, ou temem perder, que é o pago das gerações dos seus ancestrais. Aqui no Planalto Médio, o primeiro centro de tradições gaúchas foi idealizado pelos senhores Antônio Donin, Tenebro dos Santos Moura, Jorge Edethe Cafruni, Ney Vaz da Silva e Múcio de Castro. Os três primeiros eram membros da Academia Passo-Fundense de Letras, sendo que a idéia inicial foi do professor Antônio Donin. Depois de inúmeras reuniões em que participaram lideranças da cidade e interior, em 24 de março de 1952 fundaram o CTG Lalau Miranda, para homenagear Estanislau de Barros Miranda, popularmente chamado de Lalau Miranda, filho de Francisco de Barros Miranda, o terceiro presidente do Conselho Municipal de Passo Fundo (1865) e herói na Guerra do Paraguai.   (Welci Nascimento é professor aposentado e sócio benemérito do CTC Lalau Miranda. Na Academia Passo-Fundense de Letras ocupa a cadeira nº 23, cujo patrono é Casimiro de Abreu.) 

Fonte: Chasque Pampeano

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