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51 anos da morte de Aureliano de Figueiredo Pinto

Aureliano de Figueiredo Pinto (Aureliano vem a falecer em 22 de fevereiro de 1959 com câncer.) Aureliano de Figueiredo Pinto é, indiscutiv...


Aureliano de Figueiredo Pinto
(Aureliano vem a falecer em 22 de fevereiro de 1959 com câncer.)

Aureliano de Figueiredo Pinto é, indiscutivelmente, um dos maiores poetas nativista de nossa terra, de todos os tempos.

Com seu vigoroso regionalismo, o nosso idioma, longe de empobrecer-se, adquiriu novas e cintilantes riquezas.

Seus poemas, nascidos das vivências campeiras, com invernos, tropeadas, rondas, noites longas, chimarrão, e outros temas rudes e belos. São sempre, impregnados de comovente humanismo e iluminados pelo sol de sua fulgurante cultura.

A divulgação de seus versos magistrais é, pois, exigência imperiosa de todos os que cultuam as letras pampeanas e que amam nossa Querência.

Nada, nos seus versos, do apenas fácil e pitoresco que caracteriza uma boa parte de poesia gauchesca. A poesia de Aureliano Figueiredo Pinto, profundamente ligada a terra, tem uma extraordinária densidade humana, assumindo sua temática, em muitos passos, o sentido de um canto geral que transcende o mero regionalismo. Poucos livros refletem com mais autenticidade o homem e a paisagem do Rio Grande do que estes “Romances de Estância e Querência”.

Aureliano de Figueiredo Pinto nasceu em 1º de agosto de 1898, na fazenda São Domingos, município de Tupanciretã, filho de Domingos José Pinto e de Marfisa Figueiredo Pinto. Exerceu o ofício de médico, mas por essência foi poeta e escritor.

O processo de alfabetização inicia-se em 1904 quando recebeu aulas de sua mãe, quatro anos depois no colégio Santa Maria em Santa Maria, seguiu seus estudos, de onde enviou a sua mãe seus primeiros poemas. Aureliano inicia ali seu martírio, sua ressurreição e sua glória: escrever.

Aos 17 anos, nasceu uma grande amizade com Antero Marques. Antero seria, pela vida afora companheiro, crítico e confidente a dividir aulas, pensões, ruas, e uma infinidade de cartas. Iniciam as discussões políticas, literárias e filosóficas, que os levariam a participar da Revolução de 30.

Passou a residir em Porto Alegre 3 anos mais tarde, onde prepara o vestibular para Direito, que trocaria mais tarde pela Medicina. Os poemas escritos em meio às anotações escolares antecediam sua estréia com poemas publicados no jornal Correio do Povo, com pseudônimo e nome próprio e nas revistas Kodak e A Máscara, um ano mais tarde.

Amigos passam a classificar seus poemas entre as correntes simbolista e parnasiana. Entre as anotações de aula, Aureliano escreve o poema Gaudério, que marcaria sua vinculação com o nativismo. Anos depois, Gaudério e Toada de Ronda seriam musicados por João Fischer. Segundo testemunhas de Antero Marques, Raul Bopp, entusiasmado com a produção do poeta diria que “Bilac assinaria estes versos” O poema Toada de Ronda é considerado o marco inicial da poesia nativista no Rio Grande do Sul.

Em 1924, parte para o Rio de Janeiro estudar Medicina, lá cursa o primeiro e o segundo ano e retorna a Porto Alegre. Lê Paja Brava, do Viejo Pancho, que marcará sua produção artística, e também livros de poetas regionalistas uruguaios e argentinos, que o influencia a escrever poemas em espanhol. Em 1926, volta aos estudos de Medicina no Rio de Janeiro, mas no mesmo ano retorna a Porto Alegre. Somente em 1931, conclui o curso de Medicina, e logo abre seu consultório em Santiago. Abre o coração aos campos e aos tipos humanos que o povoam. A partir dali o trabalho de médico rouba-lhe o tempo de leitura e criação. Passa a fazer viagens ao interior do município, atendendo a chamados médicos e fica com os peões tomando mate e ouvindo causos.

Três anos mais tarde por falta de dinheiro dos clientes para compra de remédio, suas práticas médicas são interrompidas. Aureliano cria um código que é colocado nas receitas, para que fossem debitadas para alguns de seus amigos. Nessa época, seus poemas são datilografados por Túlio Piva, para quem produz textos para serem lidos na rádio local.

Em 1937, já com quase 40 anos, passa a dirigir o Posto de Higiene de Santiago. Anos mais tarde, seria o fundador do Hospital de Caridade. Casa com Zilah Lopes, em 29 de dezembro de 1938 com que tem 3 filhos.

Em 1941, troca Santiago por Porto Alegre, assume a subchefia da Casa Civil do interventor Cordeiro de Farias. Fica poucos meses no cargo e retorna a Santiago.

Em 1956 inicia a reunir e selecionar seus poemas,espalhados entre amigos, para publicá-los em livros. Seu filho José Antônio vai à Editora Globo e ali espera até ter em mãos dez volumes de Romances de Estância e Querência – Marcas do Tempo o primeiro livro publicado de Aureliano de Figueiredo Pinto. Aureliano vem a falecer em 22 de fevereiro de 1959 com câncer.

Em 1963, é publicado “Ad Sodalibus” pela Livraria Sulina, seu segundo livro de poesias Romances de Estância e Querência – Armorial de Estância e Outros Poemas. Em 1974, é publicada pela Editora Movimento, a novela Memórias do Coronel Falcão. Em 1975, Noel Guarany recebe autorização dos familiares do poeta para musicar Bisneto de Farroupilha e Canto do Guri Campeiro.

Aureliano
Jayme Caetano Braun

I - Enrouqueceu a cordeona
Num lamento sepulcral
E ponteando em funeral
Deu o último gemido,
Que foi de ouvido em ouvido
Pela coxilha e o plano
Contar que o grande AURELIANO
Rumbeara ao desconhecido.

II - Morreu Aureliano Pinto
No longínquo Santiago,
O maior cantor do pago
Na cancha do gauchismo
E nos deixou no lirismo
Que dos seus versos deságua
Milagrosos veios d’água
Do crioulo nativismo.

III - Viveu cantando o Rio Grande
Como convém a um xiru,
Mais xucro que um pé de Umbu,
Muita sombra e tronco forte,
Sempre pelegueando a sorte
Todo riscado de talhos,
Lascando os últimos galhos
“De ponta com o vento norte”.

IV - E à hora da extrema-unção
Ao padre que o atendera
E que os óleos esquecera,
O xiru guasca, no fim,
Dissera, em voz fraca, assim:
- Meu padre, isso fica feio
Gaúcho vir no rodeio
Sem trazer o creolim -.

V - Se foi... como todos vão,
Já não respira entre nós,
Ficou porém sua voz
Como palanque sem casca,
Não dá de si, ninguém lasca
No amor ao Rio Grande velho
E é o mais sublime evangelho
Nos testamentos do guasca.

VI - Vate xucro, inigualável,
Deste chão onde nasci
Deus te guarde junto a si
Pois sendo guasca também
E te conhecendo bem
Ele, o Patrão do universo
Se encantará com teu verso
Junto aos fogões do além.


Saiba mais sobre Aureliano
http://www.youtube.com/watch?v=Ro76gnYttLc

Colaboração: Hilton Araldi

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