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Fábio Mattos: Concurso de Peões

O atual Entrevero Cultural de Peões, que reúne o Concurso do Peão Farroupilha e o Concurso do Guri Farroupilha foi criado em 1988, no Congre...

O atual Entrevero Cultural de Peões, que reúne o Concurso do Peão Farroupilha e o Concurso do Guri Farroupilha foi criado em 1988, no Congresso Tradicionalista de Veranópolis. Na época a previsão era apenas a categoria peão. Posteriormente, na Convenção Tradicionalista de Canguçu, em 1995, foi criada a categoria guri. Nesta tive participação decisiva para a aprovação da proposta, que era originária dos titulados estaduais daquele ano.

O objetivo do concurso de peões foi proporcionar que os peões tivessem o mesmo aprendizado que as prendas vinham tendo por meio do Concurso de Prendas, que fora criado em 1970, no Congresso Tradicionalista de Santiago.

Muitas e inimagináveis desculpas foram arregimentadas para que não houvesse a criação do concurso de peões, inclusive de que se trataria do concurso do “prendo gaúcho” e outras bobagens do gênero.

O concurso foi implantado e foi crescendo, especialmente com fantástica amizade, companheirismo e camaradagem que existia entre os concorrentes nas primeiras edições do Troféu Farroupilha.

Na gestão em que o Peão Farroupilha do Estado foi Maurício Sussembach de Abreu, de Restinga Seca, o concurso teve uma magistral alavancada, inclusive com seu desmembramento do concurso de prendas, que fora aprovado na Convenção Tradicionalista de Jaguarão e teve sua primeira edição em Restinga Seca. A decisão de retirar o Concurso de Peões do mesmo evento que se escolhia as prendas, na cidade da prenda adulta foi fundamental para um salto de qualidade, interesse e efetivo crescimento na execução dos objetivos principais do concurso. A partir daí quem sediou o concurso foi o Peão Farroupilha do Estado, em sua cidade, com seus companheiros de RT e CTG.

Posteriormente houveram dois concursos estaduais seguidos em Tramandaí, uma vez que Charles Wilson Oliveira e Luiz Eduardo Moelecke eram de entidades daquela cidade e foram os grandes vencedores do Concurso em 1993 e 1994. Isso fez com que o evento isolado do concurso de prendas se tornasse perene e não mais fosse ameaçado pelos saudosistas e derrotistas de plantão.

Relativo ao Concurso de Peões, lembro de uma das maiores “peleias” que travamos em convenções tradicionalistas, quando na Convenção Tradicionalista de Uruguaiana, em 1993, foi apresentada uma proposta de retirar a prova campeira da avaliação dos candidatos, conseguindo, nós, que a mesma fosse mantida. A idéia era de que a parte campeira tivesse avaliação meramente teórica. Conseguimos ampla maioria para manter a prova campeira na prática.

Inúmeras vezes nos manifestamos em convenções e congressos para defender o concurso de peões por entender que é um meio excelente de captação e de aprimoramento de jovens para o tradicionalismo, mas entendemos que também o concurso de peões deva passar por uma avaliação profunda, onde se debata e discuta acerca dos projetos a serem desenvolvidos pelos peões de entidades e RTs; que se reflita acerca da atual orientação de ensinar campeirismo aos jovens urbanos, em detrimento de ensinar cultura aos jovens com ascendência rural. Penso que um menino de cidade jamais será um campeiro, a não ser que vá morar no campo; mas que um menino do campo tem sobradas condições de aprender e receber a cultura gaúcha constante da História, da Geografia, da Tradição, do Tradicionalismo, do Folclore e da filosofia tradicionalista, e transmitir esse aprendizado.

Penso ainda, que devamos debater amplamente os motivos porque os jovens participam do concurso de peões e depois – em sua ampla maioria – não mantém sua participação junto ao tradicionalismo. Aliás isso também ocorre com as prendas. Algo deve estar errado, e precisamos ir fundo na busca desses erros, pois não podemos prescindir que um excelente meio de captar jovens para as hostes tradicionalistas esteja deixando de cumprir seu papel, ou pelo menos de cumprir integralmente seu papel. Esses jovens que passam por um concurso de peões e guris aprendem muito, se dedicam muito, demonstram fidelidade à causa, e depois não tem a mesma dedicação para continuar no tradicionalismo e assumir as rédeas de suas entidades, de suas RTs e do MTG. Os que permanecem já se mostraram excelentes dirigentes. Mas e os outros? Porque desistiram? Precisamos urgentemente buscar as causas desse fenômeno.

Consigno que debater e refletir não significa que deva ser alterado, mas entendo que essas e outras questões devem ser avaliadas pelas instâncias do tradicionalismo, aqui incluindo o Conselho Diretor do MTG, os coordenadores regionais, os diretores culturais e campeiros das RTs, as entidades tradicionalistas e as pessoas que se envolvem com concursos, além é claro, de atuais e antigos titulados do concurso, num amplo debate, em que todos possam opinar democraticamente. Se as reflexões apontarem para mudanças, que essas mudanças sejam encaminhadas à Convenção Tradicionalista, que tem o poder de alterar o Regulamento do Entrevero Cultural de Peões.

Fábio Braga Mattos - Conselheiro do MTG

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