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Quero a mazurca, a polca e o contrapasso

M árcio Cavalli - CTG Querência de Canela Desculpe-me, por favor, mas a nossa tradição gaúcha é rica uma barbaridade a ponto de nos fandang...

Márcio Cavalli - CTG Querência de Canela

Desculpe-me, por favor, mas a nossa tradição gaúcha é rica uma barbaridade a ponto de nos fandangos eu me contentar com 75% de vaneira e vaneirão, 15% de chamamés e o restante uma ou outra marcha, milonga, valsa, um bugio e, a muito custo, uma rancheira. Essas duas últimas, aliás, em risco de extinção. No caso do bugio, a dança imita o macaco (estão a caçá-la?). Chamarra, nem perca tempo pensando, pois não toca mesmo.

"Ah, mas o povo não sabe dançar tudo". Ora, ora, então nós, pensadores, conscientizadores e músicos devemos nos entregar ao desconhecimento da maioria sem proporcionar, mesmo num repique largado, uma só rancheira? Acaso isso é motivo para limitar as danças gaúchas de salão à predominância de dois, três ritmos? E o resto?

O resto, na verdade, fica nas mãos de músicos como o Porca Veia, que tira da sua cordeona uns contrapassos de luxo. Se quisermos polca, ou ressuscitamos o José Mendes ou fazemos uma dúzia de clones do Adelar Bertussi. Quanto à mazurca, mãe da rancheira, de tão "velha" decerto parou em alguns asilos das estâncias, ou algo assim, de modo a nem ser conhecida entre os adultos jovens. Quanto à execução de bugios, fora um e outro conjunto, é sempre o "Casamento da Doralice" - e a maioria abre o fole sem saber cantar, assim como o "Baile de Candeeiro", d'os Mirins.

O mais grave, contudo, vem agora: o desinteresse e o descomprometimento de alguns músicos mais jovens pela cultura em si. Tudo bem, nem todos são das lidas campeiras, mas custa debruçar-se alguns minutos sobre um dicionário de regionalismos para manter nosso linguajar nas letras das músicas e dar uma prova à capacidade conhecendo polca, mazurca e contrapasso? Aliás, as composições, além de sofrerem com a pobreza vocabular, ganham instrumentistas alheios às teorias musicais, os quais desconhecem a diferença entre rancheira e terol; rancheira e mazurca; marcha e contrapasso. Terol? Alguém sabe ainda o que é isso?

Os mais velhos até sabem, mas os jovens certamente não. Por isso, é hora de cada entidade reassumir um papel de preservação do patrimônio musical, antes que seja tarde demais. A cultura, em qualquer instância, exige zelo. Por isso, é preciso comprometer também os músicos quanto à responsabilidade de mantermos a riqueza da nossa dança de salão na essência, assim como a herdamos com todos os ritmos.

MÁRCIO CAVALLI
Jornal de Canela
Leia a "Crônica de Rodapé"
www.jornaldecanela.com.br
GRAMADO FM 87.5 - Programa ESTAMPA SERRANA - "Churrasqueando contigo aos domingos", das 10 às 13 horas
www.gramadofm.com.br

Informações do Chasque Pampeano.

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