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"Causos e Prosas" na Nota Independente

Hoje irei contar uma trajetória de conhecimentos que tive. Como já disse, a viola virou minha paixão, e por estas andanças neste mundão afor...


Hoje irei contar uma trajetória de conhecimentos que tive. Como já disse, a viola virou minha paixão, e por estas andanças neste mundão afora, me deparei com um senhor bem característico do sertão. Um senhor sentado em uma pedra e mascando fumo. Ao ver que havia uma viola ao seu lado, sentei e puxei papo, dizendo que esta “linda, cinturada e bigoduda” deveria ser bastante antiga. Ele, por sua vez, me olhou e disse que estava carregada de histórias. Conversamos por horas a fio e ele me contou como a viola veio parar nas zonas rurais do Brasil.

Ele me disse que existiam vários tipos de viola. Viola de arame, nordestina, de festa, de feira, cabocla, sertaneja, de cocho, de cabaça, braguesa, portuguesa entre outras. Porém, eram todas violas do mesmo jeito. A viola é um instrumento de origem portuguesa, mas foram os árabes que introduziram a rima nas músicas no ocidente no período da Idade Média. O senhor me disse também que a viola era descendente direta da Guitarra Latina, e que tinha uma origem arábico persa.

Olhei para ele e vi o quanto ele se orgulhava em contar esta história. Falou que a viola tinha um velho ancestral, o alaúde, instrumento árabe de 5 pares de cordas. O instrumento chegou às terras brasileiras através dos portugueses e aos poucos foi misturando a musicalidade já presente aqui no interior com o som das cordas vindas de outras “bandas”. Disse que a viola se tornou a grande porta-voz do homem no campo. Acho que precisamente ele estava falando de si mesmo (risos). Me contou sobre ritmos desenvolvidos como Cururu,Cateretê, Cipós-pretos, Pagode, Batuques, Calangos entre outros...

Perguntei qual afinação ele usava em sua viola. Ele olhou e disse já ter usado quase todas as afinações, mas que elas são quase infinitas. Usou em especial Serra Acima, Serra Abaixo, mas era pela Cebolão que ele tinha mais simpatia. Aproveitei e perguntei de onde vem este nome para a afinação. Me explicou, que há muitos anos quando os homens pegavam suas violas e tocavam as “modas”, as mulheres que ali ouviam, danavam a chorar como se estivessem descascando cebola. Adorei saber disso. Sempre que pegar minha viola “Dica” tocarei um som tão emocionado que verei uma imensidão de lágrimas.

Me despedi do senhor que muito me agradou pelos causos, pois já estava de partida. Mas certamente eu voltaria um outro dia para que ele me falasse mais sobre sua vida de caipira e violeiro. Ele se animou e disse que muito há para se contar, e que tardes como esta que passamos juntos eram ótimas companheiras para estes causos e que me esperaria na mesma pedra em que sentamos.

Bom, agora me despeço de você, leitor. Na próxima coluna conto o que este senhor me disse sobre sua vida de violeiro.

Um grande abraço e até a próxima.


Milho Verde - Minas Gerais


:: Bruno Grossi :: BEGÊ ::
Ilustração, Cultura & Arte
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www.brunogrossi.wordpress.com

"Ilustrar é sonhar com as mãos"

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