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De onde vem o orgulho de ser gaúcho? Veja costumes que só a gente entende

Enart, que acontece todos os anos em Santa Cruz, é exemplo de amor ao Rio Grande do Sul - Foto: Rodrigo Assmann Uma roda de chimarrão e...

Enart, que acontece todos os anos em Santa Cruz, é exemplo de amor ao Rio Grande do Sul - Foto: Rodrigo Assmann


Uma roda de chimarrão e algumas bergamotas no olho do sol são costumes que dificilmente serão encontrados em outro local. O Rio Grande do Sul tem dessas mesmo – é um Estado diferente. A cultura daqui pode ser percebida de longe, ainda mais durante a Semana Farroupilha, celebrada de 13 a 20 de setembro. Comportamentos que muitas vezes são guardados no campo ou em Centros de Tradições Gaúchas retornam ao urbano e trazem algo que pode até ser esquecido por alguns, mas não morre nunca: o orgulho de ser gaúcho.

É difícil pensar sobre quando começamos a ser tão bairristas. Para o doutor em História e professor universitário, Cleber Eduardo Karls, para falarmos no amor pelo Rio Grande do Sul, precisamos debater fatores do nosso passado. “Este gaúcho orgulhoso da sua história e das suas tradições é a consequência de uma complexa construção histórica que inclui distintos elementos que vão das guerras à literatura, da proximidade cultural com os castelhanos ao Movimento Tradicionalista Gaúcho”, explica Karls.

Desses pilares, é interessante ressaltar que o Rio Grande do Sul foi a guarda da fronteira nacional até o século 19. As terras gaúchas foram motivo de guerra entre as coroas portuguesa e espanhola. “As lutas pela posse fizeram com que os sulistas se aproximassem e criassem uma identificação.” Se compararmos os costumes gaúchos com os dos habitantes do Centro do País, veremos que o Rio Grande do Sul tem mais semelhanças com a Argentina e o Uruguai. “Essa união em torno da guerra, das armas, do gado e da posse de terra, além da proximidade cultural, é fator de união entre os sulinos brasileiros.”

Diferente de todos os outros estados

São poucos os lugares onde será possível ver um sentimento tão forte de identificação como no Rio Grande do Sul. Santa-cruzense, Karls mora no Rio de Janeiro e percebe uma diferença grande na identidade entre os habitantes dos dois estados. “O Rio Grande do Sul é diferente de qualquer outra região do País, principalmente, em relação a esse sentimento de pertencimento.”

De acordo com Karls, os cariocas não têm os mesmos apegos dos gaúchos, tão ligados às questões regionais. “O Rio de Janeiro se coloca e se pensa como uma cidade de nível global. Os mais apaixonados diriam que o Rio é, na verdade, o centro do mundo. Nesse ponto, os cariocas e os gaúchos estão muito próximos.”

Para ressaltar a literatura

Se a ideia é entender o amor pelo Rio Grande do Sul, uma recomendação é buscar livros que colaboraram para que os habitantes do Estado fossem tão apaixonados. Conforme Karls, o romance “O Gaúcho”, escrito por José de Alencar em 1870, pode ajudar nesse quesito. O livro é um marco na construção da identidade do homem do campo. “Alencar retrata um gaúcho heroico, forte, corajoso, ético, ou seja, praticamente um ser mitológico”, comentou.

Nove costumes que só o gaúcho entende

1 – Na roda de mate, a hospitalidade

O chimarrão pode ser apontado como um dos principais costumes do Rio Grande do Sul. Amargo e pelando de quente, mesmo no verão, é nas rodas de mate que a união prevalece. Difícil é não fazer amizades ao servir um chima – a bebida serve para quebrar qualquer gelo que possa existir, no trabalho ou até mesmo na família. Para a coordenadora cultural do Grupo de Pesquisas Folclóricas Alma Gaúcha, Zoraia Pereira, o chimarrão representa a hospitalidade do povo gaudério. “O chimarrão aproxima, iguala. E é referência da nossa cultura.” Com o mate, dá para reconhecer um gaúcho de longe. “Onde quer que um gaúcho encontre uma pessoa com uma cuia, já identifica.”

2 – Autencidade na maneira de se expressar

Moradores do Rio Grande do Sul possuem um linguajar atípico, muito diferente do que se fala em outras regiões do Brasil. O “gauchês” tem as suas expressões que podem não dizer nada para alguns. Para gaúchos, às vezes um “bah” vale mais que mil palavras. E é verdade – a expressão pode falar sobre qualquer sentimento, dependendo da entonação. "Bah" é praticamente o suspiro do gaúcho e pode expressar tristeza, felicidade, decepção, medo, admiração, raiva. O bah é universal. Já o “tchê” serve para chamar a atenção de alguém. O “tri” é a versão curta do antigo “trilegal” e o “capaz” é usado para dizer “não precisa”, ou “não se preocupe” ou ainda “é mesmo?”.

3 – Nós esquecemos dos plurais

Outra peculiaridade do “gauchês”: nós esquecemos dos plurais. Ou "dos plural", já que estamos falando sobre a linguagem única do Rio Grande do Sul. É algo natural, acontece sem ninguém perceber. Nós vamos ao súper, comprar umas cerveja e umas carne. A moeda também é única: tudo isso pode sair uns trinta pila. (Já percebeu? O pila também não é plural)

4 – Nada melhor que um carreteiro depois do churrasco

Reunir a família em um domingo ao meio-dia para comer churrasco é típico do gaúcho e não há nenhuma novidade. O prato tradicional é feito de uma forma única aqui. Assar uma carne pode ser a primeira opção para comemorar um aniversário, encontrar os amigos ou simplesmente passar o tempo. E para complementar, nada melhor que um carreteiro feito com a carne assada. A refeição também é costumeira.

5 – No inverno, tempo de lagartear no sol

Aproveitar o frio de renguear cusco que só existe no Rio Grande do Sul é pegar bergamotas (umas berga, para os íntimos) e lagartear no sol sem se atucanar. Se essa frase fosse lida em outra parte do País, seria: quando o frio é tão intenso que deixa até os cachorros encolhidos, o ideal é colher algumas tangerinas e comer sentado no sol sem se preocupar. E não podemos esquecer: as baixas temperaturas também são ótimas para comer pinhão junto da família.

6 – Um dicionário único

O “gauchês” também tem as suas palavras incomuns no resto do Brasil. Um cacetinho, por exemplo, significa um pão francês. Assim como um rabo quente significa um aquecedor de água. Cusco é um cão vira-lata. Entrevero é uma palavra usada para falar de uma confusão. Xucra é uma pessoa grosseira e por aí vai. Outras expressões também merecem destaque. Em cima do laço é estar em cima da hora, atrasado; juntar os trapos é usado para falar sobre casar; largar de mão é desistir e me caiu os butiá do bolso é para expor surpresa, choque ou decepção.

7 – Só aqui existe xis

O xis é um lanche típico do Rio Grande do Sul – servido em absolutamente todas as lancherias (gauchês para lanchonete). Não é um sanduíche e é bem diferente de um hamburguer. Para ficar melhor, só se for de coração de galinha – o sabor mais tradicional. O xis é prensado e são vários sabores para escolher. Ainda por cima, o pão é diferente de todos os outros lanches.

8 – As culturas alemã e italiana também fazem parte de tudo isso

Uma das boas coisas que o Rio Grande do Sul herdou das imigrações alemã e italiana é a culinária. São massas, pães, polentas e cucas. Há alguns sabores que podem torcer o nariz de quem não conhece. Cuca de doce de leite com linguiça, por exemplo, é uma ótima combinação para ser consumida durante a refeição. Massa recheada, como capelleti in brodo, também foi uma das heranças deliciosas deixadas no Estado.

9 – Só o gaúcho pode se arriar nos costumes

Todas essas tradições podem ser motivo de arriação (piada, brincadeira) para os gaúchos. Mas somente os habitantes do Rio Grande do Sul têm o direito de fazer esse tipo de brincadeira. Por exemplo, nas redes sociais há diversas páginas que citam os costumes do Estado em tom de piada. São raras as pessoas de outros lugares que vão entender essas tradições e, por isso, há um senso comum de que somente quem é daqui pode fazer piada com o bairrismo gaúcho. Nada mais justo, certo?


Fonte: portal GAZ
Para ver a publicação orginal, clique aqui.

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