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Entendendo o Festival da Barranca

Apparício Silva Rillo - 1985 O Festival da Barranca, criado em 1972 pelo grupo Os Angüeras, às margens do rio Uruguai, em São Borj...


Apparício Silva Rillo - 1985

O Festival da Barranca, criado em 1972 pelo grupo Os Angüeras, às margens do rio Uruguai, em São Borja, é uma oficina músico-poética que se realiza, anualmente, a cada Semana Santa. Os participantes são somente do sexo masculino e admitidos por meio de convite pessoal e intransferível

Na foto acima, um dos mágicos momentos desse grandioso evento do qual saem valorosas obras musicais a habitarem nossa memória cultural.

Nada acontece por acaso, segundo a teoria dos racionalistas (estes caras que são alimentados a ração balanceada). Talvez tenham lá suas razões, os cujos. Menos no que se refere ao festival da Barranca. Este nasceu por acaso como os nenês de novembro, frutos da semeadura suada do Carnaval.


Pois sucede que o pessoal de Os Angüeras e mais alguns de achego, desde pelo menos 1965, realizavam duas grandes pescarias no ano: uma na Semana Santa, outra em setembro. A primeira para o tradicional jejum de carne (mulheres não nos acompanhavam e até hoje não). A outra na Semana da Pátria, para escapar (desculpa ...) dos chatíssimos desfiles que são a tônica da efeméride cívica.

Para uma e outra pescaria vinham de Porto Alegre o Antonio Augusto Fagundes (Nico) e o Carlinhos Castilhos (Passaronga), com o Juarez Bittencourt (Xuxu) algumas vezes e, quando em quando, com outras caras mais ou menos simpáticas.

E aí aconteceu. Por acaso, repito, contrariando os racionalistas. A gente estava no “Pesqueiro da Bomba”, no Rio Uruguai, na Semana Santa de 1972. Havia tomado umas que outras, alguém falou na Califórnia da Canção acontecida em primeira edição no dezembro anterior, em Uruguaiana, quando uma voz (acho que do Passaronga, outros acham que outro, há quem jure que de um espírito) sugeriu: - E se a gente fizesse o nosso festival? Aqui mesmo, no improviso, na barranca do rio?

... Então, naquela Semana Santa, noite de quinta-feira, ficou assentado em cepo de três pernas que se faria o festival. O Tio Manduca (disso sim, me lembro) propôs que as composições tivessem por base, tema único, nomeou-se o presidente da “Comissão” e lascou o tema: “Acampamento de Pescaria”. E aditou, enquanto me filava o trigésimo oitavo cigarro daquele dia: - Sábado de noite os artistas se apresentam. Vocês têm o dia todo de amanhã para trabalhar o tema. Tá resolvido ...

... Houve três concorrentes neste primeiro Festival da Barranca, que, naquela época e porque estava em seu início, não merecia as maiúsculas que lhe dou. Carlinhos Castilhos, só e mal acompanhado; Nico Fagundes com “Fuça” no violão e, em dupla Zé Bicca e esta voz que vos fala.

Apresentadas as composições, por ordem de sorteio, cantou o Carlinhos (palmas, palmas e palmas), cantou o Bicca (idem, idem e idem) e finalmente o Nico (ibidem, ibidem e ibidem). A platéia, meio sobre a empolgação, assentava-se em semicírculo. Todos (eu disse todos) votaram. Menos os concorrentes, claro. Ganhou o Nico, com “Eu e o Rio” – hoje gravada, como tantas composições que nasceram na Barranca para ganhar alguns dos mais importantes festivais nativistas do Estado.

O detalhe, nisso tudo, é que a composição vencedora (linda, a melhor da noite), nada tinha a ver com o tema proposto. Cantava a relação espiritual de um amante descornado com as águas do Rio Uruguai. Mas o fato é que ganhou. O que prova, desde a idade da pedra dos festivais nativistas, que júri deste tipo de evento não é flor de cheirar com pouca venta.

A confraternização foi geral, o vencedor queria por que queria o prêmio (mas que prêmio caracos?). O Milton Souza ganiçava de raiva por que lhe haviam estragado a gravação (para a rádio São Miguel, ouviram?) por intervenção de calão não recomendável, eu achei que estava uma beleza, nada como o autêntico e o espontâneo para valorizar uma reportagem ... Aí o Milton me olhou de esquadro e eu saí pelo arrabalde. Pensando que Deus me desse saúde, engenho e arte, um dia eu ia escrever esse episódio.

O que faço, vinte anos mais velho, mas feliz. Porque o Festival da Barranca, nesse tempo, depois de catorze edições, faz por merecer as maiúsculas que agora lhe confiro.



Troféu Apparício Silva Rillo


O Troféu "Apparício Silva Rillo", foi instituído no ano de 2001, em substituição ao troféu "Tio Manduca" e, a partir dessa data, os vencedores do festival passaram a recebê-lo.

Uma criação do artista plástico Rossini Rodrigues, o troféu é uma homenagem à excelência poética e humana que Rillo emprestou à Barranca por quase trinta anos.


Troféu Tio Manduca


O Troféu "Tio Manduca", homenagem a Cláudio Oraindi Rodrigues, presidente da comissão julgadora da 1a. edição do festival, foi confeccionado pelo artista plástico Francisco Viana e conferido aos vencedores do Festival da Barranca até o ano de 2000.

Hoje encontra-se sob a guarda do Grupo Amador de Arte Os Angüeras, na cidade de São Borja.


As informações são obtidas através do Blog do amigo Juarez Machado de Farias e do Grupo Angueras.

Maiores informações sobre a origem da Barranca, visite :
http://www.angueras.com.br/

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